Escolha de primeiro-ministro pode adiar plano fiscal britânico

Possibilidade de um atraso pode preocupar investidores que vendem fortemente a libra e os títulos do governo britânico nos últimos dias

Ex-chanceler Philip Hammond
Por Joe Mayes e Alice Gledhill
21 de Outubro, 2022 | 10:24 AM

Bloomberg — O Tesouro do Reino Unido pode ser obrigado a adiar a divulgação do tão esperado plano fiscal em 31 de outubro na esteira da renúncia de Liz Truss como primeira-ministra, o que traz mais um fator de risco político a um evento que se tornou crucial para os mercados e o Banco da Inglaterra.

O ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, ainda trabalha para entregar a declaração em 31 de outubro, mas a decisão final sobre a data será uma questão para o sucessor de Truss, disseram duas pessoas a par do assunto, que falaram sob condição de anonimato. Também depende de Hunt permanecer no cargo sob um novo líder.

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A possibilidade de um atraso pode preocupar investidores que venderam a libra e os títulos do governo britânico nos dias seguintes ao malfadado plano econômico de Truss anunciado em setembro. O programa de Hunt tinha como objetivo tranquilizar os mercados e contribuir para a avaliação do Banco da Inglaterra sobre as taxas de juros.

“Acho que isso não seria bem recebido”, disse James Athey, diretor de investimentos da gestora de fundos Aberdeen. “Mas, levando em conta a reviravolta que já ocorreu, não acho que isso levaria ao tipo de volatilidade que vimos no fim de setembro.”

Os gilts eram negociados sob pressão vendedora ao longo da curva nesta sexta-feira e os rendimentos subiram cerca de 10 pontos-base após um relatório que revelou o tamanho do rombo nas finanças públicas do Reino Unido.

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A data para a declaração de Hunt havia sido escolhida para que o plano pudesse embasar a próxima decisão do BoE em 3 de novembro, com a esperança de que o anúncio do Tesouro amenizasse as pressões ascendentes sobre as taxas de juros.

“A coisa mais importante no momento é acalmar os mercados”, disse Philip Hammond, ex-ministro das Finanças do Partido Conservador, em entrevista à Bloomberg Television. “O ministro Jeremy Hunt estava em cima disso, montando um pacote que teria sido tranquilizador para os mercados. O que não devemos fazer agora é qualquer coisa que sinalize mais caos, instabilidade e incerteza aos mercados.”

No entanto, o momento da batalha pela liderança para substituir Truss levanta obstáculos para entregar uma política econômica de peso dentro do cronograma. Carl Emerson, vice-diretor do Instituto de Estudos Fiscais, disse que há um “argumento forte” para adiar a declaração depois de 31 de outubro, dada a incerteza sobre quem será o próximo primeiro-ministro.

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O Partido Conservador deve escolher o novo líder do Reino Unido na próxima sexta-feira, 28 de outubro, apenas três dias antes de Hunt entregar seu plano à Câmara dos Comuns.

O cronograma atual mal daria tempo ao novo primeiro-ministro para considerar os planos, que definirão a agenda política com uma série de decisões importantes sobre cortes de gastos e aumentos de impostos. O novo líder terá a palavra final sobre o prazo e o conteúdo do próximo orçamento - além de quem comandará a pasta das Finanças.

“Se o novo primeiro-ministro decidir confirmar Jeremy Hunt como ministro, não vejo razão para que não possa entregar a declaração em 31 de outubro”, disse Hammond. “Se um novo ministro for nomeado claramente, ele ou ela precisará de tempo para examinar o pacote.”

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Os atuais candidatos à sucessão de Truss são o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, a ministra de Gabinete Penny Mordaunt e o ex-premier Boris Johnson. Nenhum ainda declarou formalmente sua candidatura.

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