A visão da maior gestora de real estate do mundo para a volta aos escritórios

Kathleen McCarthy, co-head global de real estate da Blackstone, com portfólio de US$ 577 bilhões, revela os setores preferidos em evento da Bloomberg em NY

Atualmente, 80% do portfólio da companhia está nos segmentos de logística, casas de aluguel e hospitalidade
21 de Outubro, 2022 | 03:33 PM
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Nova York — Logística e data centers. Esses são os setores no mercado imobiliário que devem ganhar mais espaço nos próximos anos e os preferidos da gigante global de real estate e private equity Blackstone.

Em um contexto de mudança dos hábitos de consumo da população, com impulso das vendas online no pós-pandemia, além de maior demanda por dados, a avaliação é a de que esses são os segmentos que oferecem melhores oportunidades hoje ao redor do mundo.

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“Quando pensamos em temas de investimento, olhamos o que está acontecendo no mundo para saber onde queremos estar. Além de uma maior penetração do e-commerce, quando olhamos para a demanda por conteúdo, produzimos mais dados nos últimos três anos do que em toda a história da humanidade”, disse Kathleen McCarthy, co-head global de real estate da Blackstone durante evento Bloomberg Invest em Nova York na última semana.

A Blackstone (BX) é uma gestora de investimentos alternativos e a maior proprietária de imóveis comerciais em todo o mundo, com atuação em 37 países.

A empresa possui um portfólio de US$ 577 bilhões em real estate e US$ 320 bilhões em ativos sob gestão no segmento, de acordo com dados compilados até 30 de junho de 2022.

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Hoje, 80% do portfólio da companhia está concentrado nos segmentos de logística, casas de aluguel e hospitalidade (hotéis e casas de repouso).

Apesar das perspectivas favoráveis para os galpões logísticos diante do avanço do varejo online, nas lojas físicas o ambiente é mais desafiador, destacou McCarthy, como é o caso dos shopping centers, em especial nos Estados Unidos, onde a Blackstone deixou de investir no setor há dez anos.

O cenário, contudo, é diferente na Índia, onde a empresa também atua. Assim como no Brasil, a população indiana usa os shoppings como locais para além das compras, como entretenimento, serviços, entre outros.

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“Na Índia somos um dos maiores donos de shoppings do país. O mercado lá é diferente; ele tem mostrado o crescimento da classe média, forte consumo e uma busca pela experiência mais do que por um espaço de compras”, disse.

Apesar do período de ventos contrários para o mercado imobiliário, diante do aumento dos juros e da fuga de capital para ativos considerados mais conservadores, McCarthy afirmou que a Blackstone já vinha preparando os portfólios para cenários adversos.

Os escritórios voltaram de vez?

Após dois anos de presença mais forte do home office por causa da pandemia, o mercado passou a testemunhar uma retomada dos profissionais aos escritórios ao redor do mundo.

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Durante o evento em Nova York, McCarthy destacou que, mesmo antes da pandemia, já havia questionamentos sobre o formato dos espaços físicos de trabalho, com novas funcionalidades e a busca por experiências.

“Vemos isso ainda mais forte hoje. As empresas querem que os funcionários voltem para os escritórios, mas estão precisando investir em espaços que atraiam as pessoas e as façam sair de casa.”

A gestora citou como exemplo empresas de tecnologia que possuem espaços de lazer, bem como o case do WeWork (WE) como um modelo que surfa as novas tendências de escritórios.

“Por décadas, os escritórios ofereceram contratos longos de aluguel e um espaço em que o locatário era responsável por se ajustar. Agora, os locatários querem um espaço, mas não sabem como querem a disposição nem se vão querer estar ali daqui a cinco, dez anos”, disse, referindo-se à possibilidade de locais mais flexíveis.

A Blackstone permanece cautelosa com o setor. No caso de Nova York, por exemplo, McCarthy chamou a atenção para o estoque de imóveis antigos, com mais tempo de construção, o que exigirá uma transição para adequar funcionalidades de sustentabilidade, serviços etc.

Empresas ainda questionam o retorno aos escritórios. No Brasil, por exemplo, reportagem da Bloomberg Línea revelou que a Amazon (AMZN) desistiu de ocupar cerca de 20 mil metros quadrados no Edifício Faria Lima Plaza, no Largo da Batata, em São Paulo.

Nos Estados Unidos, a Meta (dona do Facebook) (META) está planejando fechar um de seus escritórios em Nova York depois de reduzir seus planos de expansão na cidade, segundo a Bloomberg News.

O Airbnb (ABNB) também colocou seu prédio de três andares em São Francisco para sublocação em meio à política do “work anywhere” (trabalhe de qualquer lugar, em tradução livre).

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.