XP: captação desacelera no varejo, mas volume com cartões dobra no 3° tri

Plataforma de investimentos divulga prévia operacional do terceiro trimestre com números mistos de desempenho em ambiente de juros mais altos

Captação líquida do principal segmento da plataforma de investimentos, a do varejo, encolheu 15% na base anual
20 de Outubro, 2022 | 07:26 PM

Bloomberg Línea — A XP Inc. (XP) registrou uma queda de 15% na captação líquida no segmento do varejo no terceiro trimestre na comparação anual, segundo a prévia operacional divulgada na noite desta quinta-feira (20).

Nas negociações do after hours na Nasdaq, as ações recuaram 0,65%, depois de queda de 2,20% na quinta-feira. No acumulado do ano, a desvalorização é de 41%, enquanto a Nasdaq recua 32%.

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O desempenho do mercado de renda variável, diante do aumento das taxas de juros e das incertezas locais e internacionais do cenário macroeconômico, vem afetando o apetite dos investidores. Desde o segundo semestre de 2021, migram principalmente para renda fixa e ativos de menor risco.

A captação líquida do principal segmento da plataforma de investimentos encolheu R$ 6 bilhões (-15%) ante o mesmo período 12 meses atrás, atingindo R$ 32 bilhões entre julho e setembro. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a queda na captação foi da ordem de R$ 8 bilhões (-20%).

Esse segmento inclui recursos de indivíduos e empresas menores, com faturamento anual abaixo de R$ 700 milhões.

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Por outro lado, a XP continua a registrar ritmo de crescimento acelerado de uma de suas principais apostas: o volume financeiro de transações com cartões (TPV) atingiu R$ 6,6 bilhões, alta de 103% em 12 meses. O total de cartões ativos cresceu 171% na base anual, somando 516 mil no terceiro trimestre.

“Esperamos que a experiência completa do cartão de crédito, combinada com cartão de débito e conta digital, aprimore ainda mais a jornada do cliente, aumentando nosso share of wallet e share of spending”, apontou a XP na prévia, em referência ao aumento de gastos dos clientes e de carteiras digitais.

Já a área de grandes empresas, que representa cerca de 3% da receita total, teve captação líquida de R$ 3 bilhões, acima dos R$ 2 bilhões do segundo trimestre.

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Este é o primeiro trimestre em que a XP segrega o dado de grandes empresas (faturamento anual acima de R$ 700 milhões), antes contabilizadas dentro do segmento varejo.

“O segmento tem grande potencial e valor estratégico para a XP, sendo um componente-chave do pool de receitas de empresas em geral de mais de R$ 320 bilhões (2021). Adicionalmente, dada a sua natureza, mais volátil e impulsionada por grandes transações, acreditamos que sua segregação do Varejo facilita a compreensão do perfil de cada cliente”, justificou o grupo.

Já os Ativos de Clientes (antigo AUC, ativos sob custódia) atingiram R$ 925 bilhões em 30 de setembro, com alta de 17% na base anual. O crescimento na comparação anual foi impulsionado por R$ 172 bilhões de captação líquida e R$ 37 bilhões de depreciação de mercado, segundo a XP.

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A base de clientes cresceu 15% em 12 meses, totalizando 3,8 milhões.

A rede de Agentes Autônomos de Investimentos chegou a um total de 11,6 mil, um crescimento de 21% em um ano. A média de negociações diárias no varejo foi de 2,3 milhões, uma queda trimestral de 11% - reflexo dos juros mais altos e da fuga da bolsa -, mas ainda com alta de 3% em três meses.

A XP informou ainda que sua carteira de crédito atingiu R$ 16,3 bilhões em setembro, um crescimento de 26% na comparação de trimestre contra trimestre e de 88% no ano contra ano. O vencimento médio de sua carteira é de 3,2 anos, com zero de taxa de inadimplência superior a 90 dias.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.