Renúncia da primeira-ministra encerra a crise no mercado do Reino Unido?

Investidores avaliam que os ativos devem continuar voláteis até que a sucessão de Liz Truss seja concluída

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Bloomberg — O caos econômico do Reino Unido este mês será um alerta para qualquer futuro líder britânico sobre o risco de ser imprudente com as finanças do país, disseram investidores do país após a renúncia da primeira-ministra, Liz Truss.

Em entrevistas nesta quinta-feira (20) à Bloomberg News, muitos investidores disseram que o próximo primeiro-ministro tende a restaurar a calma e tomar decisões políticas que tragam de volta a estabilidade aos mercados.

“Os mercados estão dando as cartas agora”, disse Geoffrey Yu, estrategista sênior de câmbio do Bank of New York Mellon. “Esta é a conclusão.”

Alguns investidores destacaram que os mercados permanecerão voláteis até que um substituto seja nomeado, e qualquer novo líder terá dificuldades para reverter o desaquecimento da economia do Reino Unido e a inflação de dois dígitos.

“Enquanto houver falta de clareza sobre o sucessor de Truss, continuará existindo um prêmio de risco nos mercados, disse Joachim Klement, chefe de estratégia, contabilidade e sustentabilidade no Liberum Capital.

Truss disse que a votação da liderança pelos conservadores será concluída em uma semana. O ministro das Finanças, Jeremy Hunt, não se apresentará ao posto de líder do Partido Conservador, de acordo com um porta-voz.

Os candidatos para substituí-la provavelmente incluirão o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak – que ficou em segundo lugar na disputa com Truss pela liderança há alguns meses. Outros candidatos também devem entrar na briga, como Penny Mordaunt, Grant Shapps e Kemi Badenoch.

Para Robert Alster, diretor de investimentos da Close Brothers Asset Management, os mercados buscam um orçamento mais equilibrado e mais estabilidade política para o Reino Unido, “e a libra está subindo na esperança de que o novo primeiro-ministro forneça ambos”.

“O prêmio ‘Trussononomics’ será revertido nos mercados, e lições serão aprendidas com a cena do acidente. A limitação dos prejuízos é fundamental agora para permitir que o mercado tenha um período sustentado de estabilidade”, afirmou Tanvir Sandhu, estrategista-chefe de derivativos globais da Bloomberg Intelligence.

Guillermo Hernandez Sampere, chefe de negociação da gestora de ativos MPPM GmbH, defende uma solução “rápida” para acalmar os investidores, pois “a divergência política é um veneno para a confiança do mercado”. Para ele, o substituto preferido pelos investidores seria Rishi Sunak, pois é conhecido e “administrou bem as finanças do país durante a pandemia de covid.”

Mas Alessandro Barison, gestor de portfólio do HI Numen Credit Fund, ressalta que a saída de Truss não muda o impacto da crise energética e da “hiperinflação” no Reino Unido.

“Depois de um rali inicial, nos perguntamos quem é o comprador internacional marginal de ativos do Reino Unido para financiar o déficit do governo e comercial. Um déficit fiscal menor do que sob Truss significa menor crescimento. Estamos pessimistas em relação aos gilts, crédito do Reino Unido e bancos britânicos”, afirmou.

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