Produção de cocaína da Colômbia atingiu nível recorde em 2021

Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime vem em meio às críticas do novo presidente colombiano sobre a abordagem contra as drogas

Policiais antinarcóticos pulverizam glifosato enquanto destroem um campo de coca durante uma operação em Tumaco, departamento de Narino, Colômbia, na terça-feira, 8 de maio de 2019
Por Matthew Bristow
20 de Outubro, 2022 | 12:59 PM

Bloomberg — A produção de cocaína na Colômbia atingiu níveis históricos no ano passado, inundando o mundo com quantidades recordes da droga, em um momento em que o presidente Gustavo Petro declara que décadas de esforços de erradicação liderados pelos EUA fracassaram.

No ano passado, a área plantada com coca, matéria-prima para a fabricação de cocaína, aumentou 43%, para 204 mil hectares, segundo relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) publicado nesta quinta-feira (20). Como os arbustos de coca recém-plantados levam anos para atingir todo o seu potencial, o aumento na produção potencial de cocaína foi menor, de 14% para 1.400 toneladas, observou o UNODC.

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O crescimento da produção de drogas é uma dor de cabeça para o novo presidente colombiano, pois alimenta a violência e a instabilidade na zona rural da Colômbia. Mas também reforça seu argumento de que a “guerra às drogas” travada por Bogotá e Washington por décadas não conseguiu reduzir o consumo.

Os detalhes da nova abordagem de Petro, ou a reação de Washington a ela, ainda não estão totalmente claros. Petro disse que o governo terá como alvo pessoas no topo da cadeia, em vez dos agricultores pobres que cultivam a droga. O presidente é a favor de programas de substituição, por meio dos quais os agricultores recebem incentivos para cultivar culturas legais, em vez de erradicação forçada e pulverização aérea com herbicidas.

Na prática, exércitos ilegais que trabalham para traficantes de drogas muitas vezes sabotam esses programas ameaçando e matando pessoas locais que cooperam com eles. A resposta de Petro é chegar aos grupos armados ilegais do país, incluindo grupos guerrilheiros de esquerda, na tentativa de negociar “paz total”.

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O ministro da Justiça de Petro, Nestor Osuna, disse que a cocaína continuará ilegal na Colômbia e que as autoridades continuarão tentando impedir as exportações da droga.

A Colômbia recebeu mais de US$ 10 bilhões em ajuda dos EUA desde que o presidente Bill Clinton supervisionou o início do programa conhecido como Plano Colômbia no final dos anos 1990. O plano ajudou a fortalecer as forças armadas colombianas, dando-lhes vantagem na luta contra a guerrilha marxista. A quantidade de terra plantada com coca diminuiu cerca de 70% entre 2000 e 2012, mas depois aumentou novamente.

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