Bloomberg Línea — O Nubank (NU) anunciou nesta quarta-feira (19) a Nucoin, sua moeda digital própria. Com previsão de lançamento na primeira metade de 2023, os tokens da empresa serão distribuídos sem custo e vão servir de base para a criação de um programa de benefícios do Nubank no Brasil.
O objetivo da empresa, que tem investimentos de Warren Buffett, um notório crítico das criptomoedas, é oferecer aos clientes benefícios como descontos e vantagens à medida que acumulam Nucoins.
Em comunicado, Fernando Czapski, líder da Nucoin, disse que a criptomoeda própria é uma nova forma de reconhecer a fidelidade de clientes e incentivar o engajamento com os produtos do Nubank.
A iniciativa do Nubank segue os passos de outras grandes empresas de tecnologia da América Latina. Em agosto, o gigante do e-commerce latino-americano Mercado Livre (MELI) lançou a Mercado Coin também como parte de um programa de benefícios para fidelizar clientes.
Não é o primeiro movimento do Nubank no mercado de criptomoedas. Em maio, a fintech disponibilizou a compra, venda e manutenção de Bitcoin e Ethereum em seu aplicativo por meio de uma parceria com a Paxos.
A fintech tem 70 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia e vai convidar cerca de 2 mil clientes brasileiros para participarem do teste do Nucoin ao longo de outubro e novembro. Os clientes mais engajados poderão ingressar na “NuCommunity”, espaço online para diálogo com clientes para uso de produtos e serviços da fintech.
Segundo o Nubank, esses clientes vão poder usar o espaço para discutir a utilização da criptomoeda. O Nubank espera que o feedback ajude a aprimorar o produto antes do lançamento em 2023.
“É um caminho sem volta. Daqui para a frente a gente vai ver outras empresas tanto do segmento financeiro quanto empresas de pagamento e marketplaces já analisando essa possibilidade [de ter uma criptomoeda própria]”, disse Henrique Teixeira, Global Head of Business Development da Ripio, empresa argentina provedora da infraestrutura do token do Mercado Livre, em entrevista à Bloomberg Línea.
Essa forma de utilização de criptomoedas tem sido um negócio importante para a Ripio, em que as parcerias B2B (empresas que prestam serviço para outras empresas) tem compensado uma desaceleração no número de usuários individuais. A Ripio esperava terminar o ano com 5 milhões usuários, mas tem até o momento cerca de 3,5 milhões de clientes na Argentina, Brasil, Uruguai, México e Colômbia.
O Nubank optou pela parceria com a americana Polygon Technology para o desenvolvimento da Nucoin. A empresa de blockchain também opera na rede Ethereum. Sandeep Nailwal, cofundador da Polygon, afirmou que ter uma das maiores instituições financeiras do mundo distribuindo sua própria criptomoeda “é uma forte validação da utilidade que blockchain e cripto tem a oferecer”. A Polygon é uma desenvolvedora de blockchain que atende empresas como a Stripe e Adobe.
Criptomoedas em queda
O mercado de criptmoedas passa por um momento desafiador, que tem sido chamado de “inverno cripto”. A cotação das moedas digitais despencou no último ano em decorrência do cenário macroeconômico de altas taxas de juros, que fez os investidores migrarem para ativos mais seguros.
Embora o interesse das pessoas físicas por ativos em criptomoeda tenha diminuído com a desvalorização recente, as instituições financeiras continuam investindo nessa área. Nesta semana, a Mastercard anunciou uma ferramenta que vai permitir a negociação de criptomoedas por bancos usando a infraestrutura da Paxos, que também faz a gestão das criptomoedas oferecidas pelo Mercado Livre.
“A Mastercard vai conseguir facilitar a entrada de novos bancos que já trabalham com eles e gostariam de começar a oferecer cripto para seus clientes, entendemos que essa solução vai ajudar a desenvolver o mercado”, disse Teixeira, da Ripio.
-- Matéria atualizada para corrigir o número de clientes da Ripio
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