Por que o BTG decidiu apostar em cobrança de atrasos de condomínios?

Seguradora do banco compra 25% da mineira LLZ Garantidora, empresa de cobrança e garantia de taxas condominiais, com opção de chegar a 49% de participação

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São Paulo — O BTG Pactual (BPAC11) realizou sua primeira investida no mercado de cobrança e garantia de taxas condominiais, que ainda é pulverizado no Brasil. A avaliação é que o banco tem condições de crescer no segmento de seguro-garantia, captar novos clientes e oferecer seu portfólio de produtos bancários, em uma estratégia de cross-sell (venda cruzada).

O banco de investimentos anunciou na terça-feira (18) a compra de 25% da mineira LLZ Garantidora, empresa de cobrança e garantia de taxas condominiais, com quase dez anos de mercado. O valor do negócio não foi divulgado, mas o aporte pode chegar a 49% do capital, após a aprovação dos reguladores.

Fundada em Belo Horizonte e hoje com atuação em em mais de 60 cidades, distribuídas em 11 estados (MG, SP, RJ, CE, PR, SC, GO, DF, MS, AL e AM), a LLZ é considerada a maior empresa individual do mercado de cobrança e receita garantida para condomínios, segundo o BTG Pactual e a própria empresa. Em comunicado ao mercado, o BTG informou que a LLZ teve um lucro líquido de R$ 10 milhões em 2021 e que mira atingir uma receita garantida anual de R$ 5 bilhões em cinco anos.

O negócio também representa um passo estratégico do banco em um dos segmentos que mais crescem no setor financeiro, o de produtos de seguros, o que tem atraído diferentes players que não tinham atuação, como Inter (INTR) e Nubank (NU), para citar dois bancos digitais.

“Acompanhamos de perto a evolução do modelo de negócios da empresa, que vem crescendo 70% ao ano de forma orgânica, e percebemos que a LLZ apresenta diferenciais operacionais para aproveitar o grande potencial deste mercado”, disse Leonardo Felix, sócio responsável pela seguradora do BTG Pactual.

Em entrevista à Bloomberg Línea, o executivo do BTG disse que se trata de uma aposta de longo prazo da área de insurance do banco e que o segmento de cobrança e garantia de taxas condominiais está fora do radar de instituições financeiras tradicionais.

Após a aprovação do negócio pelo Banco Central, poderemos aumentar nossa participação de 25% para 49%, afirmou Felix.

Já o CEO da LLZ disse que as taxas de inadimplência no pagamento de taxas de condomínios são historicamente lineares, de 12% para o público de alta de renda, de 30% a 35% para a classe média e de 70% a 80% para os condôminos de baixa renda.

Com este investimento aumentaremos o nosso time, disponibilizando a nossa oferta de garantia para um número ainda maior de condomínios que precisam solucionar a inadimplência e garantir que os recursos financeiros deixem de ser um problema de gestão e passem a ser investimentos em benefícios para os condôminos”, afirmou Costa.

O CEO disse que a empresa acaba garantindo a receita mensal dos condomínios, independentemente de o pagamento dos condôminos acontecer ou não no vencimento. Segundo ele, a expectativa para 2023 é a de um crescimento significativo do número de clientes. “Encontramos um mercado com forte busca por soluções de garantia e agora temos as condições para expandir ainda mais o nosso negócio em todo o mercado brasileiro.”

A emissão de boletos para o pagamento das taxas condominiais em atraso, com a cobrança de juros e mora, ficará a cargo do BTG, que também oferecerá aos administradores de imóveis e a síndicos seus produtos bancários, como a abertura de conta corrente e de seguros.

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