Facebook e Google faturam R$ 151 mi com eleição e entram na mira por fake news

Gigantes de tecnologia são as que mais receberam de candidatos e são cobradas pelo ministro Alexandre de Moraes, do TSE, sobre remoção de conteúdo falso

Ministros Alexandre de Moraes e Benedito Gonçalves, do TSE, em reunião com plataformas de tecnologia: cobrança por mais agilidade no combate à desinformação
19 de Outubro, 2022 | 07:15 PM

Bloomberg Línea — O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, cobrou das principais plataformas digitais e redes sociais mais agilidade na remoção de conteúdos mentirosos sobre as eleições da internet. Em reunião com as empresas, o ministro cobrou “total vigilância no combate à propagação de desinformação e notícias falsas” nesta reta final até o segundo turno, segundo nota divulgada pelo TSE nesta quarta-feira (19).

As plataformas têm desempenhado papel central nas eleições deste ano.

Segundo os dados de prestação de contas das campanhas do TSE, o Google e o Facebook (Meta) foram as empresas que mais receberam pagamentos dos candidatos à eleição durante a campanha. Foram R$ 68 milhões gastos no Facebook e R$ 56 milhões, no Google, segundo dados do tribunal.

Houve ainda R$ 43,8 milhões gastos na DLocal e R$ 27,8 milhões na Adyen. São duas empresas de meios de pagamentos cujos serviços são usados pelas plataformas. A Adyen explica, entretanto, que é uma adquirente e não recebe o dinheiro, apenas o repassa ao Facebook - a rede social recebeu, portanto, R$ 95,8 milhões até a última prestação de contas dos candidatos divulgada pelo TSE.

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“Avançamos muito no primeiro turno. Tivemos, graças ao apoio das plataformas e redes sociais, um primeiro turno bem dentro do razoável, talvez até melhor do que todos nós esperávamos. Mas estamos tendo um segundo turno piorando cada vez mais neste aspecto. E, isso, da parte do TSE vem demandando medidas mais duras”, disse o ministro.

No domingo, por decisão de Alexandre Moraes, o TSE determinou que a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) removesse do ar vídeos em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fala durante uma entrevista sobre meninas adolescentes venezuelanas e insinua que elas estariam praticando prostituição. A frase em que Bolsonaro diz “pintou um clima” foi explorada pela campanha petista.

O tribunal não tem dados sobre a divulgação de fake news especificamente no segundo turno. Mas, desde junho, o TSE enviou 22.109 alertas às plataformas, dos quais 15.406 foram perfis “com indícios de comportamento inautêntico” e 2.732 foram disparos de mensagens em massa.

A Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, divulgou recentemente que, entre os dias 16 de agosto e 2 de outubro (data do primeiro turno), a empresa removeu mais de 600 mil postagens que violam as regras das redes sociais contra a violência e o discurso de ódio.

Campanhas tem explorado desinformação no segundo turno

Mais agilidade na remoção

Na reunião desta quarta, o ministro disse que as plataformas precisam ser mais ágeis para remover conteúdo falso sobre as eleições, especialmente sobre os dois candidatos a presidente, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

As fake news ganharam relevância nas eleições deste ano, especialmente no segundo turno, em que a disputa se centralizou entre Lula e Bolsonaro e os candidatos estão focados em prejudicar a imagem um do outro. A campanha de Bolsonaro tem distribuído posts associando o PT ao PCC e dizendo que o partido incentiva o uso de drogas. A campanha de Lula também já teve que remover conteúdo contra Bolsonaro, como o que insinuava que o presidente é pedófilo.

A campanha do petista já obteve 72 vitórias contra Bolsonaro no TSE, 50 delas sobre “conteúdo desinformativo ou inverídico”, segundo comunicado da campanha divulgado na terça-feira (18).

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Num exemplo recente, o TSE mandou bolsonaristas retirarem do ar posts em que acusam Lula de apoiar a ditadura da Nicarágua e a perseguição e tortura de cristãos. Entre os condenados, estão o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, e Carla Zambelli (PL-SP).

Na terça, o corregedor-geral Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, determinou a abertura de inquérito eleitoral para investigar se a TV Jovem Pan favorece o presidente Bolsonaro em suas transmissões. Perfis de apoio ao presidente também serão investigados.

Participaram da reunião representantes das empresas Google, Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), Twitter, TikTok, Linkedin, Twitch e Kwai.

Do TSE, além de Alexandre de Moraes, participaram o corregedor-geral Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, e os ministros Isabel Gallotti, Sérgio Banhos, Carlos Horbach e Maria Cláudia Bucchianeri. O vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet Branco, também participou.

--Atualizada para acrescentar explicação da Adyen e corrigir o valor total recebido pelas plataformas

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.