Volatilidade persiste nos mercados entre balanços positivos e medo de recessão

Discursos de integrantes do Fed e resultados corporativos despertam a atenção dos operadores, que reativam o medo de recessão, mas seguem à caça de barganhas

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
19 de Outubro, 2022 | 08:40 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão ampliada e atualizada de nota publicada originalmente às 5h35)

Os investidores globais continuam reticentes, com os mercados alternando altas e baixas tanto nas bolsas europeias quanto no mercado futuro de índices nos Estados Unidos. A falta de rumo resulta de sinais positivos vindos de um lado, com balanços corporativos melhores do que o previsto, e por outro o retorno de preocupações com o rumo das economias.

O aumento da inflação do Reino Unido, acima das expectativas dos analistas, pesa sobre as bolsas europeias. A mesma dinâmica é observada entre os contratos futuros de índices dos Estados Unidos, que flutuam de mais a menos nesta manhã. Além de novos discursos de integrantes do Fed, os investidores esperam por dados do setor imobiliário dos EUA e o compilado econômico do Livro Bege.

O petróleo há pouco subia em torno de 1,50%, depois de operar sem tendência clara mais cedo. Os investidores trabalham com a hipótese de uma nova liberação de estoques de cru nos Estados Unidos, dentro da estratégia de equilibrar preços de combustível.

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Há pouco, os rendimentos dos títulos da dívida norte-americanos e da Inglaterra com vencimento em 10 anos aumentavam.

→ O que move os mercados hoje

📈 Preços em alta. O aumento dos preços dos alimentos levou a inflação do Reino Unido de volta a dois dígitos em setembro (10,1%). O número ficou acima dos 9,9% apurados em agosto e das expectativas de 10% para o período, o que aumenta a pressão sobre o Banco da Inglaterra (BoE). O banco central poderia voltar a priorizar o controle da inflação após passar as últimas semanas acalmando a turbulência gerada pelo plano de incentivo fiscal da primeira-ministra Liz Truss.

🛑 Bolsas x Recessão. O Citigroup avalia que a renda variável nos EUA está precificando mais que qualquer outra classe de ativos as possibilidades de recessão no país. Porém, ainda há alguns ajustes pendentes, considerando as avaliações sobre a economia e também os balanços corporativos, o que poderia conduzir a mais perdas, segundo os estrategistas do banco. Pesquisa da Bloomberg com economistas de Wall Street mostra que a hipótese de recessão nos país em 2023 está em 60%, ante 50% de probabilidade de pesquisa anterior.

👀 Fed em pauta. A atenção recai também sobre a política monetária nos Estados Unidos após o dirigente do Fed Neel Kashkari avisar, ontem, que o juro dos EUA entre 4,5% e 4,7% ao ano não seria um teto para o aperto monetário do Fed se a inflação continuar persistente. Kashkari volta a falar nesta jornada, assim como Charles Evans e James Bullard em diferentes momentos do dia e podem trazer ao mercado novas informações sobre a visão do banco central norte-americano neste momento.

🇮🇷 Operação drone. O uso de drones iranianos pela Rússia em ataques contra a Ucrânia pode expandir a política de retaliações da União Europeia. O bloco pode propor sanções contra uma empresa fabricante e três generais iranianos que estariam envolvidos com o tema. Seria o primeiro movimento do bloco contra outro país, além da Bielorrússia, por causa da guerra da Rússia contra a Ucrânia. O Irã nega a exportação de quaisquer armas para uso na guerra na Ucrânia.

→ Leia também o Breakfast, a newsletter matinal da Bloomberg Línea: América Latina, palco dos bancos digitais

A volatilidade paira nos mercados
🟢 As bolsas ontem (18): Dow Jones Industrials (+1,12%), S&P 500 (+1,14%), Nasdaq Composite (+0,90%), Stoxx 600 (+0,34%), Ibovespa (+1,87%)

Os mercados acionários dos EUA fecharam mais uma vez com ganhos significativos. Os investidores continuam a avaliar as perspectivas de crescimento econômico em meio a resultados corporativos encorajadores. Entretanto, ventos contrários como a inflação e políticas monetárias mais rígidas dos bancos centrais levantam dúvidas sobre a durabilidade dessa recuperação dos índices acionários.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Licenças de Construção, Pedidos de Hipotecas, Livro Bege, Estoques de Petróleo Bruto/EIA

Europa: Zona do Euro (IPC/Set, Produção do Setor de Construção/Ago); Reino Unido (IPC, IPP/Set)

Ásia: Japão (Balança Comercial/Set); China (Taxa de Empréstimo BPC)

América Latina: Colômbia (Balanza Comercial/Ago)

Bancos centrais: Discursam Neel Kashkari, Charles Evans, James Bullard (Fed) e Catherine Mann (BoE)

Balanços: Tesla, Procter & Gamble, Nestle, Abbot, ASML, IBM, Alcoa

📌 Para a semana:

Quinta: EUA (Pedidos de Seguro Desemprego, Índice Conference Board); Zona do Euro (Cúpula de Líderes da UE); Alemanha (IPP/Set); Discursos de Michelle Bowman, Lisa Cook e Philip Jefferson (Fed); Balanços (Volvo, L’Oreal, Hermes, Phillip Morris, AT&T, Blackstone, Danone)

Sexta: Reino Unido (Vendas no Varejo/Set); Discurso de John Willians (Fed); Balanços (Amex, Verizon, Renault, Biotech)

(Com informações da Bloomberg News)

Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem por redações e veículos focados em economia, como Valor Econômico, Agência Estado e Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.