Lula perde terreno em 4 de 5 regiões do país e acende alerta em campanha

Vantagem do ex-presidente em pesquisas de intenção de voto diminui a pouco mais de uma semana do segundo turno, acirrando a disputa pelo comando do país

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Bloomberg — A apenas 11 dias do segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro está se aproximando de Lula nas pesquisas de intenção de voto.

O ex-presidente apresentou 5,6 pontos percentuais de vantagem sobre Bolsonaro, ante quase 8 pontos há duas semanas, segundo a pesquisa da Quaest divulgada nesta quarta-feira (19). Já a pesquisa de Ipespe divulgada na segunda-feira (17) mostrou os candidatos estatisticamente empatados, embora ambos tenham oscilado dentro da margem de erro da pesquisa.

Lula está perdendo terreno em quatro das cinco regiões do país. A queda é particularmente visível no Sudeste, que abriga mais de 40% do eleitorado do país, segundo a Quaest. Seu apoio também está oscilando entre os eleitores de classe média, que mais se beneficiaram de uma recente queda nos preços dos combustíveis.

A campanha de Lula está subestimando o impacto de uma recente melhoria na economia, bem como a força do antipetismo, segundo Thomas Traumann, consultor político que atuou como ministro das Comunicações durante a presidência de Dilma Rousseff.

“Apesar do apoio de diversos líderes de centro-direita, a campanha de Lula focou demasiadamente na agenda do PT”, disse Traumann em entrevista. “Esse apoio não se traduziu em uma agenda mais ampla.”

Guerra às fake news

A corrida mais acirrada também está aumentando a pressão sobre os assessores de marketing de Lula, que focaram seus esforços de campanha principalmente em impulsionar a rejeição de Bolsonaro e menos em se aproximar dos eleitores de centro.

Desde o primeiro turno, ambos os candidatos enfrentaram uma avalanche de publicações em redes sociais que tentaram associá-los ao satanismo, à maçonaria, ao canibalismo e à pedofilia – o que indica que pelo menos parte dos apoiadores de Lula está recorrendo às mesmas ferramentas tradicionalmente adotadas pelo comitê de Bolsonaro, incluindo a divulgação de fake news.

Na propaganda eleitoral, a campanha do ex-presidente reproduziu amplamente o vídeo com as falas de Bolsonaro sobre as venezuelanas “de 14 ou 15 anos arrumadinhas” em um bairro pobre de Brasília no qual ele aparentemente sugere que eram prostitutas.

A retaliação foi tão intensa que Bolsonaro teve que abordar a questão, afirmando que a frase havia sido tirada de contexto em ato de má-fé.

A reação ao vídeo foi citada por um dos conselheiros de Lula para justificar a decisão de focar no aumento da taxa de rejeição do atual presidente. Neste ponto, a campanha está mais preocupada com as taxas de abstenção, que tendem a favorecer Bolsonaro, e com a divulgação de notícias falsas por seu oponente, disse o conselheiro, solicitando o anonimato por discutir a estratégia.

Em reunião com um grupo de líderes religiosos nesta quarta-feira (19), Lula lançou uma “carta pública ao povo evangélico”, dizendo que ele não fechará templos como Bolsonaro afirmou.

Por outro lado, a campanha de Bolsonaro considera que sua posição nas urnas está melhorando graças aos programas sociais e a uma economia mais forte, enquanto Lula perde por não poder explicar completamente os escândalos de corrupção passados de seu governo, de acordo com um assessor político.

O apoio dos governadores reeleitos de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, assim como o apoio do candidato a governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, será decisivo para o desempenho do presidente na corrida eleitoral, disse o assessor, pedindo para não ser nomeado por discutir a estratégia da campanha.

- Com a colaboração de Isadora Calumby.

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