Bloomberg — A multinacional italiana Enel SpA está negociando com bancos uma nova linha de crédito de 16 bilhões de euros (US$ 15,8 bilhões) apoiada pelo Estado italiano para cobrir riscos de derivativos ligados ao aumento dos preços da energia, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News. O grupo italiano é controlador da Enel Brasil, que opera por meio de subsidiárias a distribuição de energia em cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Goiás.
Segundo o plano, a seguradora de crédito comercial do país, Sace, forneceria garantias para cerca de 70% do valor total, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.
A operação faz parte de uma ideia do governo do primeiro-ministro italiano Mario Draghi, que elaborou o plano para proteger empresas como a estatal Enel do impacto nos custos de energia resultantes da invasão russa da Ucrânia, segundo as pessoas ouvidas pela Bloomberg News.
Os maiores credores da Itália, UniCredit SpA e Intesa Sanpaolo SpA, poderiam contribuir com € 5 bilhões cada, enquanto os estatais Cassa Depositi e Prestiti SpA e dois outros bancos, Banco BPM SpA e BPER Banca SpA, somariam € 2 bilhões cada, disseram pessoas com conhecimento do assunto.
A Enel está agora trabalhando com os credores no plano, que provavelmente envolveria uma linha de crédito rotativo por até 18 meses, de acordo com as fontes. Isso permitiria à empresa prosseguir com seu atual programa de financiamento sem forçá-la a reservar dinheiro para chamadas de margem se os preços do gás continuarem subindo.
As concessionárias europeias estão enfrentando custos mais altos em empréstimos com nomes com classificação de investimento que pagam mais de 100 pontos base sobre a Euribor por um prazo de três anos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg News.
Marcado para mercado
A linha de crédito é vista como necessária para proteger a empresa, já que os contratos de derivativos de energia são marcados a mercado, disseram as pessoas. Ainda assim, a estrutura do acordo ainda não foi definida, pois as negociações permanecem preliminares, disseram eles.
Os bancos aguardam a aprovação do Ministério das Finanças, disseram as pessoas. O ministério está trabalhando para confirmar que o papel de garantidor do segurador também pode ser usado para linhas de crédito e para cobrir chamadas de margem, disseram eles.
Um representante da Enel se recusou a comentar. Representantes do UniCredit, Intesa Sanpaolo e Banco BPM também não quiseram comentar. Um porta-voz do BPER não estava imediatamente disponível para comentar. O jornal italiano Il Messaggero divulgou alguns detalhes sobre o plano nesta terça-feira.
O governo da Itália gastou 66 bilhões de euros em medidas de alívio da conta de energia, e Giorgia Meloni, líder da coalizão de direita que venceu as eleições do mês passado, prometeu enfrentar a crise de energia como uma das principais prioridades.
A Enel confirmou suas metas e a política de dividendos para 2022 quando divulgou os resultados semestrais, embora o CEO Francesco Starace tenha dito esperar que o ambiente para o negócio de eletricidade continue tenso, com os preços permanecendo altos no novo ano.
— Com a ajuda de Jacqueline Poh.
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