Empresas escondem práticas ESG para evitar risco de greenwashing, diz estudo

Fenômeno chamado de green hushing, algo como silêncio verde em tradução livre, tem se espalhado entre empresas a fim de evitar acusações de busca por marketing

Embora a maioria das empresas pesquisadas tenha estabelecido metas baseadas na ciência para cumprir seus compromissos, 23% “não planejam divulgá-las”
Por Alastair Marsh
18 de Outubro, 2022 | 12:11 PM

Bloomberg — As empresas estão cada vez mais tentando cumprir com suas metas climáticas longe dos holofotes e da opinião pública. O fenômeno tem um nome: green hushing. O termo diz respeito a quando uma marca ou uma empresa deliberadamente subnotifica suas práticas ditas sustentáveis.

Uma pesquisa da South Pole, de consultoria climática, mostrou que a prática tem se tornado generalizada - mesmo quando as empresas estabelecem metas internas ambiciosas. A consultoria pesquisou 1.200 corporações de grande porte em 12 países, sendo todas elas com metas de emissão zero e dois terços que se identificam como “emissores pesados”.

PUBLICIDADE

O levantamento descobriu que, embora a maioria das empresas tenha estabelecido metas baseadas na ciência para ajudá-las a cumprir seus compromissos, 23% “não planejam divulgá-las”. As descobertas sugerem que o estigma do chamado greenwashing, ou “lavagem verde”, numa tradução literal, é uma prática tão temida que os executivos estão fazendo de tudo para evitar serem acusados disso.

Ser rotulado como greenwasher, quando uma empresa exagera enganosamente em suas práticas sustentáveis, traz consigo danos à reputação, danos financeiros e, cada vez mais, move o escrutínio dos reguladores. E uma vez manchadas por tais alegações, as empresas precisarão lutar para ressuscitar suas reputações.

Mas o green hushing, ou o “silêncio verde” sobre as metas de sustentabilidade cumpridas pelas empresas, também tem um custo, de acordo com a South Pole. ”Mais do que nunca, precisamos que as empresas estejam progredindo em sustentabilidade para inspirar seus pares”, disse Renat Heuberger, executivo-chefe e cofundador da South Pole. “Isso é impossível se o progresso estiver acontecendo em silêncio”.

PUBLICIDADE

A mais recente pesquisa da South Pole é a terceira revisão anual da consultoria sobre as ações rumo à emissão zero das empresas, e mostra quanto tudo mudou em 2022.

No ano passado, antes da cúpula climática da COP26, centenas de empresas em todo o mundo publicaram suas metas de emissão “com campanhas de alto nível”. Mas menos de um mês antes da COP27 deste ano, há uma “crescente relutância em divulgar metas climáticas alinhadas à ciência”, de acordo com a South Pole.

A pesquisa mostra também que as empresas estão “explorando todas as ferramentas climáticas” para atingir suas metas, incluindo a mudança para fontes de energia renováveis e a melhoria da eficiência energética.

PUBLICIDADE

As empresas também estão apostando na inovação tecnológica, disse a South Pole. Essas tecnologias incluem remoções de hidrogênio e carbono verdes ou de baixo carbono, além da captura e reutilização de carbono.

Leia também

Startup vê ‘aveia sexy’ como alimento do futuro e quer expandir na América Latina

O ex-Credit Suisse que tirou um ano sabático e criou uma edtech com 7 mil alunos