Cresce preocupação de gestores com situação fiscal no Brasil após eleição

Pesquisa mensal mostra que quase 80% deles estão preocupados com as contas públicas do país, principalmente depois do pleito

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Bloomberg Línea — À espera da decisão do segundo turno, no fim de outubro, a eleição presidencial no Brasil segue tomando conta dos holofotes na administração de recursos na América Latina, com gestores preocupados com a situação fiscal brasileira após o pleito, segundo pesquisa do Bank of America (BAC).

Segundo pesquisa mensal do banco americano com gestores divulgada nesta terça-feira (18), o tema segue como principal foco de atenção de mais da metade dos entrevistados. Além disso, aumentou de cerca de 70% para quase 80% o percentual deles que disseram estar preocupados com as contas públicas brasileiras, principalmente depois da eleição.

Olhando para frente, 66% dos entrevistados veem o principal índice de renda variável da bolsa brasileira encerrando 2023 acima dos 130 mil pontos – o que implica um potencial de alta de 14,4% ante o fechamento de segunda-feira (17). No ano, o Ibovespa (IBOV) avança 8,4%.

Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, quase 60% dos gestores esperam uma expansão entre 1% e 2% da atividade no próximo ano. Já a taxa básica de juros deve cair, de acordo com a pesquisa, mas não tão rapidamente quanto alguns esperam.

Apenas 16% dos gestores veem a Selic encerrando 2023 abaixo de 10% ao ano; a maior parte vê os juros entre 11% e 11,75% ao ano em dezembro do próximo ano. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.

América Latina

De acordo com o levantamento, os maiores riscos para os mercados na América Latina recaem sobre as taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, bem como questões na China e o cenário para commodities.

Com o sentimento de cautela ainda ditando o tom dos mercados, nenhum dos gestores consultados disse estar tomando mais risco do que o normal. Além disso, metade dos investidores disse estar com proteções na carteira de forma a se proteger de uma possível queda dos mercados. As posições em caixa (líquidas), por sua vez, estão em 6,9%, acima da média histórica da pesquisa, de 4,7%.

Mesmo assim, 68% dos entrevistados pretendem, segundo o BofA, ampliar a alocação em ações nos próximos seis meses – o maior patamar desde o início do levantamento, em 2018.

Entre as maiores posições overweight (acima da média do mercado) estão o setor de energia e o de consumo discricionário. Os gestores na América Latina, contudo, estão mais underweight (abaixo da média do mercado) em materiais e no setor de telecomunicações.

A preferência dos investidores consultados segue recaindo sobre empresas de valor e consideradas “de alta qualidade”, com menor predileção neste mês para aquelas expostas às commodities.

Conduzido pelo Bank of America, o estudo “Latam Fund Manager Survey” foi realizado neste início de outubro e contou com a participação de 32 gestores, que somam cerca de US$ 76 bilhões sob gestão.

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