Bloomberg — O presidente da China, Xi Jinping, ofereceu poucos sinais de que a deterioração das perspectivas econômicas chinesas vão melhorar, sem mudança de direção nos dois principais fatores de risco para o país: regras rígidas para combater o avanço da Covid e para o mercado imobiliário.
O presidente chinês elogiou a política de Covid Zero, nome para a abordagem de zero tolerância para conter o avanço de infecções, no discurso de abertura do 20º Congresso do Partido Comunista em Pequim no domingo (16), embora não tenha feito referência ao vírus nos trechos sobre planos para o futuro.
Seu discurso sobre o mercado imobiliário repetiu a linguagem anterior, mesmo em meio a uma longa crise desencadeada por políticas para conter a dívida e os riscos financeiros do setor.
Esses dois fatores têm sido um grande obstáculo para a segunda maior economia do mundo. Economistas consultados pela Bloomberg preveem um crescimento de apenas 3,3% neste ano, o segundo ritmo mais fraco em mais de quatro décadas.
O PIB do terceiro trimestre, que será divulgado nesta terça-feira (18), provavelmente mostrará uma ligeira recuperação em relação ao crescimento quase estagnado no segundo trimestre.
A fala de Xi “não é de forma alguma uma mudança acentuada em relação à postura política anterior”, disseram economistas do Macquarie Group, incluindo Larry Hu, chefe de economia na China, em relatório. “O congresso do partido é sobre metas e estratégias de longo prazo, não sobre ajustes de políticas de curto prazo.”
O mercado se concentrou em outras partes do discurso de Xi e enxergou nos seus comentários sobre tecnologia como uma indicação de que pode haver apoio ao setor, que está sob ataque dos Estados Unidos. Shen Meng, diretor do banco de investimentos Chanson & Co em Pequim, disse que, no curto prazo, a falta de orientação sobre a política de Covid Zero afetará o humor do mercado.
A política agressiva do governo de restringir a circulação de pessoas e a atividade econômica sempre que surgem casos de vírus levou ao aumento do desemprego entre os jovens e a uma queda nos negócios e na confiança do consumidor. As vendas de imóveis caíram à medida que os compradores relutam em tomar empréstimos e as construturas não entregam projetos conforme o programado.
Poucos economistas esperam uma recuperação significativa ou um relaxamento da postura de Pequim de que o setor precisa ser regulamentado com mais rigor.
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