Promessas eleitorais vão exigir receita extra de R$ 120 bilhões, diz JPMorgan

Além dos gastos com o Auxílio Brasil de R$ 600, próximo presidente terá que repor verbas para saúde e educação, diz a economista-chefe Cassiana Fernandes

Pressão por aumento de gastos a partir de 2023
Por Barbara Nascimento e Rachel Gamarski
16 de Outubro, 2022 | 06:37 PM

Bloomberg — Quem quer que assuma o governo no ano que vem terá que negociar com o Congresso uma parcela extra-teto de cerca de R$ 120 bilhões para abarcar todas as promessas de mais gastos feitas até agora, diz a economista-chefe para Brasil do JPMorgan, Cassiana Fernandez, em entrevista.

Além do Auxílio Brasil de R$ 600, integra essa conta um reajuste a servidores, aumento de investimentos e reversão de alguns cortes no Orçamento, como nas áreas de saúde e educação.

Desse montante estimado pelo JPMorgan, Cassiana avalia que ao menos uma parte, o suficiente para cobrir o Auxílio, já está nos preços, o que ela calcula como algo em torno de R$ 70 bilhões. “Ninguém vê o Auxílio voltando a R$ 400,” disse.

Além disso, o ambiente de mercado com menor liquidez, em razão do aperto monetário global, vai exigir do próximo governo respostas rápidas sobre o que será feito em relação ao teto de gastos. “Essa é uma decisão que precisa ser sinalizada, pelo menos o que vão querer negociar. O espaço para isso será curto e o governo vai precisar aprovar rápido.”

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Apesar do grande desafio fiscal à frente, Cassiana vê ao menos um fator positivo para o próximo governo: aprovação da reforma tributária. “Acredito que a probabilidade não seja pequena de aprovação da reforma tributaria”, afirmou, ponderando que o formato dependerá de quem vencer, do Congresso e do posicionamento dos governadores.

A economista não vê uma aprovação já no ano que vem, contudo, e acredita que a discussão deve ser amadurecia em 2023 para uma aprovação em 2024.

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