Por que o FMI pediu que bancos centrais da América Latina evitem cortes de juros antecipados

A taxa média de inflação na América Latina e no Caribe subirá para 14,6% até o final deste ano, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional

Ainda não é hora de baixar a guarda contra a inflação
Por Maria Eloisa Capurro
16 de Outubro, 2022 | 11:35 AM

Bloomberg — Os bancos centrais latino-americanos devem tomar cuidado para não cortar os juros cedo demais, pois a pressão inflacionária permanecerá elevada por algum tempo, de acordo com um novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A taxa média de inflação na América Latina e no Caribe subirá para 14,6% até o final deste ano, desacelerando para 9,5% em 2023, e a maioria dos países deve registrar inflação acima das metas dos bancos centrais, segundo o FMI.

“A política monetária deve manter o curso e não relaxar prematuramente”, diz o relatório elaborado pelo diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI, Ilan Goldfajn, junto com os economistas Santiago Acosta Ormaechea, Gustavo Adler e Anna Ivanova. “As pressões de preços se ampliaram recentemente, afetando itens das cestas de consumo além de alimentos e energia.”

Os bancos centrais da América Latina foram os primeiros a aumentar as taxas de juros após a pandemia, com o Brasil iniciando um ciclo de aperto em março de 2021.

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A maioria dos países da região está agora chegando ao fim desse caminho, com a inflação próxima ou além de seu pico. Na quarta-feira, o Chile disse que manterá as taxas estáveis após um último aumento de meio ponto percentual, seguindo o Brasil, que interrompeu seu próprio ciclo no mês passado.

No entanto, a inflação no Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru é vista pelo FMI com média de 7,8% em dezembro e 4,9% no próximo ano, acima das faixas de tolerância de seus bancos centrais na maioria dos casos.

Ao mesmo tempo, o fundo revisou sua previsão de crescimento em 2022 para a região de 3% para 3,5%, mas reduziu pela metade para apenas 1,7% no próximo ano.

Os preços mais altos de commodities, a forte demanda externa, o aumento das remessas e a recuperação do turismo até agora atenuaram o impacto do aumento das taxas de juros dos EUA, disseram os economistas do FMI no relatório divulgado na quinta-feira.

Mas os fluxos de capital para os mercados emergentes estão diminuindo e os preços das exportações estão caindo, levando o México e algumas economias do Caribe a ver suas taxas de crescimento reduzidas pela metade em 2023.

“A transição para taxas de juros globais mais altas pode ser acidentada”, segundo o relatório.

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