Bloomberg — O Japão está abrindo novamente depois de fechar suas fronteiras devido à pandemia de covid-19 por quase três anos. Os turistas vacinados da maioria dos países puderam entrar no país desde 11 de outubro, sem a necessidade de fazer quarentena ou submeter-se a testes PCR.
Quando os visitantes chegam, eles observam (e apreciam) a acessibilidade de refeições, hospedagem e compras, graças a um iene muito mais fraco. Há também alguns novos lugares para visitar.
Ao mesmo tempo, algumas coisas mudaram – para melhor ou para pior. A redação da Bloomberg em Tóquio fez uma lista do que podemos esperar após a reabertura:
Transformação de Shibuya
Shibuya – famosa por sua enorme faixa de pedestres, pela estátua de Hachiko e uma infinidade de lojas – teve algumas grandes mudanças nos últimos anos. Outrora conhecida pela cultura underground, com grafite e boates, a região recebeu quatro enormes arranha-céus nos últimos quatro anos: Scramble Square, Fukuras, Stream e a reconstrução do Parco. Cada um deles conta com lojas de marcas nacionais e internacionais, incluindo Chanel e Asics.
O Scramble Square, que fica no antigo local de vários pontos de ônibus, é uma atração para turistas: há uma enorme praça de alimentação no andar inferior e o observatório no 46º andar oferece uma vista quase desobstruída da zona oeste de Tóquio.
O emblemático Miyashita Park passou por uma reforma em grande escala em 2020. Há menos de uma década, o local tinha um acampamento de sem-teto, mas atualmente é um complexo industrial chique de três andares com lojas, espaços verdes, vista para a cidade e um hotel boutique. No telhado há uma pista de skate, uma quadra de areia para vôlei de praia, um paredão para escaladas e gramados cortados por um robô.
Também foi concluído um grande projeto para mudar o centro da linha de metrô de Ginza e, assim, dar lugar a ainda mais construções. Enquanto grande parte da transformação foi motivada pelos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2020, a operadora ferroviária e desenvolvedora imobiliária Tokyu planeja erguer outro arranha-céu em volta da estação ferroviária em 2027.
Menos filas e multidões
De modo geral, as multidões nas grandes atrações turísticas diminuíram devido a atitudes mais cautelosas em relação à socialização, e em alguns lugares há limites para o número de visitantes. Isso pode mudar à medida que o número de turistas estrangeiros aumentar. Os metrôs e outros transportes públicos que costumavam ficar lotados durante o horário de pico também estão menos lotados à medida que mais pessoas trabalham de casa e alteram seus trajetos.
Muitas atrações agora exigem reservas de ingressos online, diminuindo as filas frequentes durante o pré-pandemia. Isso inclui o Tokyo Disney Resort e o Museu Nacional de Natureza e Ciência, portanto, planeje adequadamente e não pressuponha que é possível comprar ingressos no local.
Quando fizer compras nas lojas de conveniência ou em supermercados, as filas nos caixas agora estão mais rápidas graças à introdução do autoatendimento. Pagamentos contactless e opções mais eficientes em supermercados, pontos de venda e restaurantes também diminuíram as filas e as aglomerações.
Uso de máscaras
Ao contrário de muitos outros países, o Japão ainda adota o uso de máscara, não apenas no transporte público, mas praticamente o tempo todo. Contudo, isso não é surpresa para ninguém que visitou o país da pandemia.
Embora não existam leis que imponham essa prática, o governo aconselha as pessoas a usarem máscaras em ambientes internos e ao ar livre quando conversarem com pessoas próximas, embora tenha insinuado que quer avançar em direção às normas internacionais. Mesmo assim, o uso de máscara dentro e fora de casa, exceto enquanto come ou bebe, tornou-se uma norma social.
Estar sem máscara pode chamar a atenção no mau sentido. Uma enorme variedade de máscaras descartáveis pode ser adquirida em farmácias e lojas de conveniência. Você poderá ser convidado a desinfetar as mãos e aferir a temperatura ao entrar em restaurantes e outros negócios. Além disso, haverá informando sobre a qualidade do ar em ambientes internos e nos táxis.
Aplicativos de táxi
Pegar um táxi costumava ser muito difícil no Japão. Os motoristas raramente falavam outro idioma além do japonês, e os destinos não se baseiam em nomes de ruas, de modo que os passageiros muitas vezes tinha que levar um mapa ou simplesmente confiar que o motorista saberia onde ir.
Tudo isso mudou, graças à proliferação de aplicativos de táxi. O Go e o S.Ride são os mais comuns e contam com a capacidade de incluir o destino diretamente antes ou durante a corrida. Os pagamentos são processados dentro do aplicativo. O Didi e o Uber funcionam – mas este ainda não permite o compartilhamento de caronas.
O pagamento também ficou mais fácil – os táxis que aceitam apenas dinheiro vivo agora são raridade. Os passageiros podem usar cartões de crédito ou usar os aplicativos para pagar as corridas, mesmo se chamarem um táxi na rua.
Uso de dinheiro em espécie
Antes da pandemia, o Japão era conhecido por restaurantes e lojas que aceitavam apenas dinheiro. Como em muitos outros países, o risco de infecção e os protocolos de saúde trouxeram a era dos pagamentos contactless e sem a necessidade de dinheiro vivo.
Quase todos os restaurantes e lojas aceitam cartões de crédito, bem como os pagamentos contactless. Os pagamentos por código QR também aumentaram. O problema é que agora são opções até demais.
É claro que ainda há muitos lugares que aceitam (e preferem) dinheiro em espécie, mas há menos pressão para levar consigo um maço de notas para viajar, fazer compras e comer. Na rara ocasião em que se aceita apenas dinheiro em espécie, os caixas eletrônicos das lojas de conveniência trabalham com a maioria das principais bandeiras de cartões de débito e crédito.
Mais robôs
O famoso Robot Restaurant, de Tóquio, acabou fechando. Contudo, o turista que visitar o Japão deve ver mais robôs substituindo humanos.
Garçons robôs – como o BellaBot, o KettyBot ou o HolaBot – agora entregam comida em alguns restaurantes. Os robôs de delivery, bem como os robôs de segurança e desinfecção, ajudaram a reduzir os riscos de transmissão. Os robôs de IA ajudam atendendo a consultas relacionadas à vacinação nos municípios, e os “robôs de cura” fizeram companhia a pessoas solitárias durante as medidas de isolamento e deram apoio aos trabalhadores da área de saúde. Alguns edifícios têm robôs de segurança para patrulhar os lobbies.
De fato, as encomendas de novos robôs industriais aumentaram 29,6% em 2021, um recorde, de acordo com a Associação de Robôs do Japão.
--Com a colaboração de Marika Katanuma e Isabel Reynolds.
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