Bloomberg — Com o enfraquecimento do mercado de trabalho e a demanda por causa da batalha contra a inflação travada pelo Federal Reserve, economistas veem maior probabilidade de que o PIB dos EUA entre em recessão no prazo de um ano.
A chance de que a economia americana encolha nos próximos 12 meses agora é de 60%, acima da probabilidade de 50% em setembro e o dobro do nível há seis meses, de acordo com a pesquisa mais recente mensal da Bloomberg com economistas. O novo levantamento foi realizado entre 7 e 12 de outubro, com 42 economistas que responderam sobre a possibilidade de recessão.
“Um aperto significativo das condições financeiras é um claro vento contrário ao crescimento e ocorre em um momento em que a confiança do consumidor e das empresas já está sob imensa pressão do aumento do custo de vida e da queda dos preços de ações, títulos e imóveis”, disse James Knightley, economista-chefe internacional do ING.
Os resultados da pesquisa ressaltam o impacto esperado dos fortes aumentos das taxas de juros pelo Fed sobre a demanda das famílias, o investimento corporativo e o mercado de trabalho. Economistas consultados reduziram as estimativas de gastos dos consumidores para cada trimestre até o fim do próximo ano, além de preverem aumentos médios abaixo de 1% no primeiro semestre de 2023.
O investimento privado, que inclui gastos das empresas com equipamentos, deve diminuir do quarto trimestre até o primeiro semestre de 2023. É uma grande desaceleração em relação à pesquisa anterior, que indicava aumentos moderados.
As perspectivas para o mercado de trabalho também pioraram muito em relação a um mês atrás, com uma média inferior a 70 mil vagas criadas em cada trimestre do próximo ano. O nível de emprego é visto como quase estável no terceiro trimestre de 2023, enquanto a taxa de desemprego deve atingir uma média de 4,5% em 2024.
Mercado de trabalho
Essas projeções estão muito longe da média de 420 mil empregos criados mensalmente este ano e taxa de desemprego atual de 3,5%, a menor desde 1969.
As previsões para uma importante métrica de inflação observada pelo Fed - o índice de preços de despesas de consumo pessoal que exclui alimentos e energia – foram elevadas para cada trimestre deste ano e do próximo. Economistas agora veem o chamado indicador de preço do PCE com alta média de 4,7% no trimestre atual em uma base anual. A estimativa fica 0,4 ponto percentual acima da projeção do mês passado.
As previsões foram enviadas antes da divulgação do relatório do CPI de setembro, que mostrou o núcleo do índice no maior patamar em quatro décadas e acima das previsões.
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