Venture capital cai pelo 5º trimestre consecutivo na América Latina

As startups latino-americanas receberam US$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre; esta semana Arch, Zulu, Fidu e Vozy captaram

Antes sexy para os capitalistas de risco do mundo, o financiamento de risco da América Latina caiu para US$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre, um tombo trimestral de 52%.
15 de Outubro, 2022 | 07:50 AM

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Bloomberg Línea — As empresas financiadas por capital de risco na região da América Latina e Caribe receberam US$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre por meio de 226 transações, de acordo com o novo relatório State of Venture do provedor de dados CB Insights. É uma queda de 52% em relação ao montante investido no segundo trimestre, quando as startups da América Latina captaram US$ 2,3 bilhões, e é o quinto trimestre consecutivo de queda no financiamento de risco.

Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

A América Latina ainda representa uma pequena parcela do financiamento de capital de risco mundial. A CB Insights aponta que, nos EUA, as empresas apoiadas por fundos de venture capital garantiram US$ 36,7 bilhões no terceiro trimestre.

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Globalmente, o financiamento de risco atingiu US$ 74,5 bilhões no terceiro trimestre, atingindo uma baixa de nove trimestres. É também uma queda global de 34% em relação ao trimestre anterior, o maior tombo percentual por trimestre em uma década.

Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

O Pitchbook fornece um valor ligeiramente diferente para as rodadas nos EUA. O estudo mais recente do PitchBook com a NVCA Venture Monitor, patrocinado pela Insperity e J.P. Morgan, mostra que as startups dos Estados Unidos receberam quase US$ 43 bilhões durante o terceiro trimestre de 2022, um valor bem menor do que o recorde de 2021 e do início de 2022, mas acima das médias históricas.

De acordo com a CB Insights, a América Latina e o Caribe não viram nenhuma mega-rodada neste trimestre, e a participação de rodadas em estágio inicial subiu para 75%, de 72% em 2021.

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Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

O relatório aponta FTX Ventures, GEM Digital e BossaNova Investimentos como os principais investidores por número de empresas financiadas no terceiro trimestre.

Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

Olhando por país, no México, a CB Insights mostra que o valor do financiamento caiu 51%. No entanto, o número de transações quase dobrou das 22 rodadas que o país viu no segundo trimestre. Uma razão pode ser que a participação de deals em estágio inicial subiu para 82% no México no acumulado do ano, ante 76% um ano atrás.

Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

Investimentos no Brasil

Na maior economia da América Latina, o Brasil, o valor investido e o número de rodadas mantiveram a tendência de queda no terceiro trimestre, com 105 transações, ante 118 no segundo trimestre. Contudo, o Brasil viu o número de acordos em estágio inicial e late-stage subirem em comparação com um ano atrás, de acordo com a CB Insights.

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Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

Na Colômbia, a captação caiu 75% em relação ao segundo trimestre.

Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

A Argentina, no entanto, mostra um quadro diferente, com o montante de financiamento aumentando 28% em relação ao segundo trimestre.

Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

No Chile, a CB Insights mostra que a captação caiu 94% em relação ao segundo trimestre.

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Fonte: Relatório State of Venture do 3º trimestre da CB Insights

Remando contra a maré, estas foram as startups que conseguiram captar nesta semana na América Latina:

Vozy

A startup colombiana Vozy integra tecnologias de voz, inteligência artificial e processamento de linguagem natural (NLP). Nesta semana, a empresa fechou uma rodada de investimentos pré-Série A de US$ 5 milhões liderada pelo fundo espanhol VC GoHub Ventures, com experiência em investimentos deep tech.

A rodada também envolveu os fundos norte-americanos Starling Ventures e investidores-anjo como Arash Ferdowsi, fundador do Dropbox, e Alan Rutlegde, além de investidores anteriores como Globant e Enlaces.

Fundada em 2017 por Ricardo Marin, Helmuth Corzo, Humberto Pertuz e Alejandro Lopez, o objetivo da Vozy é desenvolver conversas em escala para grandes empresas. Alejandro Lopez, um dos cofundadores, divulgou que o capital levantado nesta rodada será utilizado para dar continuidade ao investimento em pesquisa e desenvolvimento, bem como ao aprimoramento de sua tecnologia atual.

A empresa pretende expandir nos mercados de língua espanhola, além dos Estados Unidos e Espanha.

Fidu

A plataforma de gestão escolar argentina Fidu levantou US$ 5 milhões em uma rodada de Seed liderada pelo fundo norte-americano Lightspeed Venture Partners. A startup fundada no início de 2022 tem um modelo de negócios que mescla fintech e edtech e diz atender mil escolas na América Latina.

A NFX, de São Francisco, a Imaginable Futures e a Broom Ventures também participaram da rodada Seed. A startup fundada por Nicolás Giménez (CEO), Caterina Carreño (CFO) e Ariel Manduca (CTO), automatiza os principais processos operacionais das escolas como cobrança de mensalidades, gestão de custos e comunicação com a família.

Zulu

A plataforma de dólares digitais colombiana Zulu levantou uma rodada de US$ 5 milhões com a Cadenza Ventures, Nexo, CMT Digital, Simplex, Coin CDX e Gaingels, além de investidores-anjo e fundadores de startups. Co-fundada por Esteban Villegas, Jaime Varela e Julián Delgado, a Zulu planeja expandir suas operações para o México e Peru até o final do ano e atingir 500 mil usuários.

Arch

A Arch, uma plataforma de gerenciamento de criptoativos, levantou uma rodada de financiamento Seed de US$ 5 milhões liderada pelo Digital Currency Group e pela Upload Ventures. O braço de risco da Ripio, TechStars e GBV também se juntaram ao financiamento.

A Arch é um gerenciador de ativos de finanças descentralizadas (DeFi) que facilita a exposição a criptomoedas e ativos digitais. Com sede nos Estados Unidos, a startup foi criada por uma equipe do Chile, Estados Unidos e Argentina. Christopher Storaker é o CEO.

A plataforma criada pela Arch permite que qualquer pessoa compre um pacote de criptoativos por meio de um único token, semelhante à forma como os investidores compram um ETF para obter ampla exposição no mercado financeiro tradicional.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups

Yanin Alfaro (BR)

Jornalista com experiência em startups e tecnologia