Covid Zero e economia fraca: 6 pontos-chave do Congresso de lideranças da China

Entenda como o Congresso do Partido Comunista da China, que começa neste domingo e ocorre a cada cinco anos, pode definir o futuro da economia e da política

Momento delicado para a economia chinesa
Por Rebecca Choong Wilkins e Abhishek Vishnoi
15 de Outubro, 2022 | 10:42 AM

Bloomberg — Há muito pessimismo em torno da economia e mercados da China em meio ao Congresso do Partido Comunista, que começa neste domingo (16), e investidores ficarão atentos à reunião, que ocorre uma vez a cada cinco anos, para saber como as lideranças pretendem tirar o país da crise.

As apostas não poderiam ser maiores para a cúpula, que começa com um discurso do presidente Xi Jinping. O índice de referência CSI 300 acumula perdas de 22% este ano, enquanto o yuan se desvalorizou cerca de 11% em relação ao dólar, a caminho de seu pior resultado anual desde os dados de 2010. A economia deve crescer a um ritmo mais lento do que o resto da Ásia em desenvolvimento pela primeira vez em mais de três décadas.

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Embora mudanças drásticas de políticas sejam improváveis diante da expectativa de que Xi permaneça no comando, uma nova linhagem de líderes pode novamente focar no crescimento e estimular a recuperação do mercado. Economistas do Macquarie Group disseram que o equilíbrio do Partido Comunista entre segurança e desenvolvimento será um foco importante após os lockdowns causados pela política de covid zero, repressão a vários setores e crescentes tensões geopolíticas com os EUA.

“No curto prazo, há pouca coisa para apoiar qualquer visão mais otimista”, disse Diana Choyleva, economista-chefe da Enodo Economics. “No longo prazo, a recuperação depende de dois fatores: se a China escolherá um caminho econômico mais pragmático e as perspectivas de um aquecimento nas relações EUA-China.”

Aqui estão algumas áreas importantes a serem observadas:

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Política de covid zero

Qualquer esperança de que a China possa afrouxar as medidas da política de covid zero foi adiada devido ao aumento dos casos após o feriado do Dia Nacional e uma série de comentários do Partido Comunista no jornal People’s Daily defendendo a estratégia. A maioria dos observadores da China não espera uma mudança significativa até pelo menos março, quando Xi deve concluir sua transição para um terceiro mandato durante o Congresso Nacional do Povo.

Ambições tecnológicas

A cúpula de lideranças ocorre enquanto a rivalidade tecnológica EUA-China se aproxima de uma guerra econômica, depois de o governo Biden anunciar amplas restrições para frear as ambições tecnológicas do governo de Pequim.

Crise do setor imobiliário

Antes a espinha dorsal da expansão econômica da China, o mercado imobiliário sofreu o impacto da campanha de desalavancagem do governo chinês. Um indicador de ações de incorporadoras deve fechar com perdas pelo terceiro ano consecutivo, enquanto os retornos de títulos de alto risco estão em mínimas históricas este ano.

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Uma série de estímulos implementados por governos locais nas últimas semanas indica mais flexibilização à frente diante dos esforços das autoridades para reverter o desaquecimento do setor imobiliário. As políticas provavelmente permanecerão focadas em conter riscos sistêmicos, concluir projetos habitacionais paralisados e estabilizar os preços dos imóveis, em vez de oferecer apoio direto a construtores em crise.

Economia

A expansão do PIB da China deve se desacelerar para 2,8% este ano, em comparação com 8,1% em 2021, e ficar abaixo dos 3,2% esperados para o Leste Asiático e o Pacífico, segundo o Banco Mundial.

As falas de Xi sobre o crescimento econômico serão seguidas de perto, já que as metas para o PIB foram menos enfatizadas nos últimos anos. Também deve haver pistas sobre quem assumirá os principais papéis econômicos, já que várias autoridades responsáveis por políticas devem se aposentar este ano.

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Política externa

O governo de Pequim tende a manter o tom mais assertivo para a política externa da China estabelecida sob Xi, após o abandono da postura de “esconder e esperar” de seu antecessor.

Taiwan ressurgiu como um ponto de tensão entre EUA-China nos últimos anos. Quaisquer sinais de que o governo de Pequim possa acelerar o cronograma de unificação com a ilha democraticamente governada podem agitar os mercados financeiros. Empresas de Wall Street já reavaliam os riscos de fazer negócios na Grande China devido à crescente incerteza.

Economia verde

Xi tem enfatizado cada vez mais as ambições ambientais da China, estabelecendo metas para alcançar a neutralidade de carbono até 2060. A ênfase sustentada em objetivos para o meio ambiente pode impulsionar ainda mais o ritmo recorde de vendas de títulos verdes do país.

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