Campos Neto: queda do IPCA ainda não é motivo para comemorar

Em Washington, presidente do BC afirmou que os três meses consecutivos de deflação têm relação com as medidas do governo; ‘mas a dinâmica está melhorando’

'Acho que significa que o mercado entende que fizemos um bom trabalho'
Por Maria Eloisa Capurro
15 de Outubro, 2022 | 04:21 PM

Bloomberg — Os três meses consecutivos de queda do IPCA ainda não são motivos para comemorar, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Muito é por causa das medidas do governo, então não achamos que seja um motivo especial para comemorar. Mas a dinâmica está melhorando”, disse Campos Neto em uma conferência bancária em Washington que ocorre em paralelo às reuniões anuais do FMI (Fundo Monetário Internacional).

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O IPCA acumulado em 12 meses chegou a 7,17% em setembro, o ritmo mais lento de aumento de preços desde abril de 2021. Os investidores agora estão precificando cortes na taxa básica de juros, a Selic, já em março, embora os bancos centrais tenham sinalizado que o ciclo de flexibilização não começaria antes de junho.

“Não vou comentar muito sobre isso”, disse Campos Neto. “Mas acho que significa que o mercado entende que fizemos um bom trabalho.”

O Banco Central do Brasil foi um dos primeiros a aumentar as taxas de juros no mundo após a pandemia. Recentemente, o Copom decidiu interromper o ciclo de aperto de 18 meses que elevou a Selic para uma taxa de 13,75% ao ano, depois de atingir o patamar de 2%, o mais baixo já registrado.

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Juros na América Latina

Outros bancos centrais na América Latina estão seguindo os passos da autoridade monetária brasileira. Na quarta-feira (12), o Chile disse que as taxas atingiram seu nível máximo em 11,25%.

Ainda assim, os custos dos empréstimos estão em níveis recordes. O Peru elevou as taxas de juros este mês para uma alta de 7% em duas décadas, com economistas divididos sobre se seria o último aumento.

O México está se movendo ainda mais para um território restritivo em meio à inflação persistente e ao aumento das taxas de juros dos EUA.

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O FMI alertou esta semana sobre “bolsões de vulnerabilidade” nos níveis de dívida corporativa e governamental.

Aumento de preços

Enquanto a maior parte da América Latina está próxima ou além de seu pico de inflação, os aumentos de preços permanecem acima das metas da maioria das autoridades monetárias.

Nesta semana, o FMI alertou contra cortes antecipados de juros, ao elevar as estimativas de aumentos de preços ao consumidor na região para uma média de 14,6% este ano e 9,5% no próximo.

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Impulsionada pelos altos preços das commodities e uma recuperação econômica pós-pandemia, a demanda doméstica é mais forte do que o esperado na maioria das nações da região. No entanto, um cenário de juros altos por mais tempo deve frear a atividade no próximo ano. O FMI prevê um crescimento médio de 1,7% para a região.

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