Brasília em Off: A licença para gastar na visão da campanha de Lula

Equipe do petista concorda sobre necessidade de licença para gastar acima do teto, o chamado ‘waiver’, mas ainda não há consenso sobre tamanho da conta

Integrantes concordam que precisará haver licença para gastos acima do teto, mas ainda não chegaram a consenso sobre tamanho do waiver
Por Martha Beck
15 de Outubro, 2022 | 02:30 PM

Bloomberg — Integrantes da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontam que já há consenso entre economistas de que o próximo governo precisará de uma licença para gastar acima do limite do teto de gastos em 2023 - a dúvida é de quanto será esse chamado waiver fiscal.

Segundo aliados de Lula, os R$ 400 bilhões apontados por estudos da Fundação Getulio Vargas são exagerados. Mas os R$ 100 bilhões calculados por algumas consultorias também não fecham a conta.

Lula resiste em apontar agora um nome para o comando do Ministério da Economia caso seja eleito. Integrantes de sua campanha, no entanto, não descartam a possibilidade de o petista escolher um grupo de emissários para sinalizar sua agenda econômica na reta final da corrida eleitoral.

Esse triunvirato poderia ser composto de economistas de esquerda, mais ligados à Fundação Perseu Abramo, a fundação do PT, agregando ao grupo nomes de perfil liberal que embarcaram na campanha de Lula nas últimas semanas. Seria mais uma forma de mostrar um aceno ao centro.

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Alinhamento do teto

Economistas do PT já começaram a conversar individualmente e de maneira informal com nomes queridos ao mercado que declararam apoio a Lula nas últimas semanas como os ex-presidentes do BC Armínio Fraga e Pérsio Arida. Todos concordaram que a nova regra fiscal precisa ser factível, transparente e trazer algum mecanismo de avaliação dos gastos públicos.

Não há consenso ainda sobre o que deve entrar no lugar da atual regra. O desenho, afirmam os economistas que aconselham Lula, vai ser acertado não apenas entre o PT e os demais partidos que apoiam o ex-presidente, mas também com o Congresso.

Vira voto

Integrantes da campanha do PT acreditam que ainda é possível virar 1,5 milhão de votos a favor de Lula no Nordeste até o segundo turno. O trabalho agora é reduzir o alto índice de abstenção do primeiro turno, de 20,94%. Uma das ideias é aproveitar para reforçar a campanha na Bahia, quarto maior colégio eleitoral do Brasil, onde a eleição para governador foi ao segundo turno.

Esses integrantes afirmam ainda que a conclusão das eleições legislativas ajuda Lula. Com Câmara e Senado definidos, vários candidatos que trabalharam contra o ex-presidente já desmobilizaram comitês de campanha.

Senado ou Esplanada?

Senadora eleita pelo Distrito Federal, a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves está de olho na presidência da casa. Outra interessada no posto também é a nova senadora pelo Mato Grosso do Sul e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Segundo integrantes da campanha do presidente Jair Bolsonaro, Damares também é candidata a voltar para a equipe ministerial em caso de reeleição. Sua pasta, inclusive, seria ampliada num eventual segundo mandato de Bolsonaro. Ela passaria a ter sob seu comando atribuições que hoje são da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

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