Latam revela plano para deixar recuperação judicial em novembro

Grupo chileno que é uma das maiores aéreas do mercado brasileiro e que mergulhou em crise com a pandemia detalha as condições de oferta de títulos de dívida

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São Paulo — O grupo chileno do setor aéreo Latam (LTM) espera virar a página da recuperação judicial no início do mês que vem, confirmando previsões anteriores de que superaria os piores efeitos financeiros da crise da covid-19, que paralisou a aviação mundial em 2020, no segundo semestre de 2022.

O grupo projeta que deve sair do Capítulo 11 (Chapter 11) do Código de Falências dos Estados Unidos ainda na primeira semana de novembro, em fato relevante divulgado nesta quarta-feira (12). Junto com essa previsão, a companhia, que reúne afiliadas no Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e EUA, informou as condições aceitas para uma emissão de títulos de dívida.

“Em um contexto muito desafiador e dinâmico, estamos no caminho para concluir o financiamento exigido pelo Plano de Reestruturação. Nas próximas semanas, esperamos sair do Capítulo 11 com US$ 2,2 bilhões de liquidez e uma redução da dívida de cerca de 35% em relação ao que tínhamos quando começamos esse processo”, disse o CEO da Latam, Roberto Alvo, no comunicado.

Condições de oferta

O grupo emitiu um total de US$ 1,150 bilhão em títulos, sendo US$ 450 milhões de valor principal das notas garantidas sênior com vencimento em 2027, com um cupom de 13.375%, a um preço de emissão de 94.423%, e o valor principal de US$ 700 milhões de notas garantidas sênior com vencimento em 2029, com um cupom de 13.375%, a um preço de emissão de 93.103%, informou o comunicado.

Além disso, a companhia precificou o financiamento a prazo de US$ 1,1 bilhão, com uma taxa de juros, a sua escolha, de ABR + 8,50% ou Prazo Ajustado SOFR + 9,50% após a saída do Capítulo 11, sendo que antes da data efetiva, a taxa será de ABR + 8,75% ou Prazo Ajustado SOFR + 9,75%.

Trata-se de mais um importante marco para a companhia e um dos últimos passos do processo do Capítulo 11. Com esses novos recursos, a Latam terá obtido o financiamento necessário para o pagamento do seu financiamento DIP (debtor-in-possession)”, apontou o grupo.

O comunicado acrescentou que, como a transação está estruturada, o financiamento a prazo (que representa, aproximadamente, metade de todo o financiamento) poderá ser pago ao valor de face a partir do terceiro ano. A companhia também diz que obteve uma linha de crédito rotativa de cerca de US$ 500 milhões.

Cronograma

Em junho, a companhia informou à CMF (Comissão para o Mercado Financeiro do Chile), órgão regulador do mercado chileno de capitais, sobre a estrutura de financiamento de saída do Capítulo 11, que contemplava a contratação de nova dívida sob diferentes modalidades de cerca de US$ 2,2 bilhões, incluindo as notas garantidas e um financiamento a prazo, além de uma nova linha de crédito rotativa de aproximadamente US$ 500 milhões. Originalmente, as notas foram estruturadas como empréstimos-ponte por montante total de US$ 1,5 bilhão concedido por diversos bancos.

“A companhia pretende executar os empréstimos-ponte, a linha de crédito rotativo e o financiamento a prazo e sacá-los da seguinte forma: (i) os empréstimos-ponte em 12 de outubro de 2022; (ii) o financiamento a prazo; (ii a) um valor inicial de US$ 750 milhões em 12 de outubro de 2022 e (ii b) e o restante de US$ 350 milhões na data de saída do Capítulo 11. Já, o financiamento DIP Junior também será sacado em 12 de outubro de 2022. Por fim, a oferta das notas deverá ser concluída em 18 de outubro de 2022″, detalhou o grupo.

Segundo o comunicado, a companhia pretende utilizar parcialmente os recursos dessas linhas para pagar a linha DIP atual. Além disso, os recursos do financiamento a prazo e das notas serão utilizados para amortizar os empréstimos-ponte.

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