Investidores vão às compras enquanto esperam inflação nos EUA, ata do Fed e balanços

Mercados aguardam atentos a ata de política monetária do Fed e a inflação ao produtor dos EUA, que antecede a divulgação de amanhã do IPC norte-americano

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
12 de Outubro, 2022 | 08:31 AM

Barcelona, Espanha — (Atualiza a nota originalmente publicada às 6h34)

O mercado se move na cadência das expectativas, sobretudo aquelas relacionadas com a inflação nos Estados Unidos, a ata de política monetária do Federal Reserve (Fed) e a primeira leva de balanços de gigantes das finanças.

Os investidores ainda sentem o baque das previsões nada alentadoras para a economia, as últimas engendradas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Até Joe Biden falou na possibilidade de uma recessão econômica nos EUA, embora acredite que esta, no caso de se concretizar, será “leve”. Contudo, os operadores também se atraem pelos preços atrativos depois das sessões em queda tanto nos Estados Unidos como nas bolsas da Europa.

Há pouco, o sinal era positivo entre os futuros índices dos EUA. Os mercados acionários europeus, que vinham negociando no azul desde a abertura, instantes atrás davam lugar à volatilidade, com alguns dos principais índices de ações variando entre ganhos e perdas.J

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Os contratos de ouro recuavam e os de petróleo passavam a subir. Entre os títulos soberanos, o prêmio sobre os ativos de 10 anos do Tesouro dos EUA, que inicialmente caíam ligeiramente, agora avanzava. Outros países, incluindo o Reino Unido, exigiam rendimentos mais altos, o que significava uma desvalorização do valor nominal de seus bônus.

Lembrando que hoje é feriado nacional no Brasil e a bolsa local permanecerá fechada.

→ O que move os mercados hoje

🧐 Análise detalhada. As preocupações com os riscos de recessão e a trajetória de alta dos juros continuam sobrevoando as operações. Hoje, os investidores colocarão toda a sua atenção na minuta da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) - qualquer pista sobre as próximas manobras do banco central serão examinadas com lupa. A palavra também é concedida à presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que fala em evento hoje. O FMI, por sua vez, segue com suas reuniões e análises econômicas, publicando hoje seu relatório de Monitoramento Fiscal. No campo macroeconômico, o destaque do dia é o índice de preços ao produtor dos EUA, que abrirá alas para os dados ao consumidor, programados para amanhã.

🇬🇧 Recessão à vista? A economia do Reino Unido surpreendeu ao se contrair em agosto pela primeira vez em dois meses, levantando a possibilidade de que o país esteja agora em recessão. A queda de 0,3% na produção foi arrastada por um forte declínio na fabricação e uma pequena contração nos serviços, explicou hoje o Escritório de Estatísticas Nacionais.

O declínio induz a pensar que a economia britânica terá sorte se conseguir evitar uma retração no terceiro trimestre, marcando o início de uma recessão de custo de vida que muitos analistas prevêem que persistirá pelo menos nos primeiros meses de 2023. Como indicou a Bloomberg, escapar dessa condição com um terceiro trimestre sem mudanças exigiria um ganho de 1,1% da economia em setembro, um resultado improvável dado o feriado extra para o funeral da Rainha Elizabeth II e o período de luto que o precedeu. A maioria dos economistas estima que a produção caiu drasticamente no mês passado.

💂🏻‍♀️ Mais do Reino Unido. Outro impacto destas terras sobre os mercados foram os rumores de que o Banco da Inglaterra (BoE) expandiria para além de 14 de outubro as compras de títulos, conforme noticiado pelo Financial Times. Contudo, esta manhã uma fonte do banco central reiterou que o programa emergencial seguirá o cronograma inicialmente planejado. O prêmio dos títulos britânicos de 10 anos recuaram e a libra atenuou sua apreciação depois da confirmação pelo BoE. Para alguns analistas, o Banco da Inglaterra é visto como um teste de quão rígidos podem ser os bancos centrais sem danificar a estabilidade financeira.

Os mercados internacionais nesta quarta-feira, dia de feriado bancário no Brasil
🟢 As bolsas ontem (11): Dow Jones Industrials (+0,12%), S&P 500 (-0,65%), Nasdaq Composite (-1,10%), Stoxx 600 (-0,56%), Ibovespa (-0,96%)

Cinco sessões consecutivas de perdas para o Nasdaq e o S&P 500 - durante o dia, este último chegou a tocar seu nível mais baixo desde 2020. Os investidores estão aguardando os dados da inflação norte-americana de amanhã, o que poderia encorajar os funcionários do Fed a aumentar as taxas de juros em 75 pontos base pela quarta vez seguida.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriados: Brasil, Espanha

EUA: IPP/Set, Contratações de Hipotecas - MBA; Informe mensal da OPEP. Reuniões do FMI

Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Ago); Reino Unido (PIB, Produção Industrial e do Setor de Construção/Ago, Balança Comercial/Ago)

Ásia: Japão (Empréstimos Bancários/Set, Pedidos de Maquinaria/Ago)

América Latina: México (Produção Industrial/Ago)

Bancos centrais: Ata do FOMC/Fed sobre a reunião de setembro. Discursos de Michelle Bowman e Neel Kashkari (Fed), de Christine Lagarde (presidente do BCE) e de Huw Pill (BoE)

Balanço do dia: PepsiCo

📌 Para a semana:

Balanços: TSMC, BlackRock, Delta Air Lines, JPMorgan Chase & Co, Citigroup Inc, Morgan Stanley, Fast Retailing, Infosys, Tata Consultancy, UnitedHealth, US Bancorp, Walgreens Boots, Wells Fargo, Wipro

Quinta: EUA (IPC, Pedidos Iniciais de Seguro Desemprego). Reunião dos ministros de Finanças e dos bancos centrais do G-20.

Sexta: EUA (Vendas no Varejo/Set, Estoques das Empresas/Ago, Sentimento do Consumidor- Univ. de Michigan); China (IPC/Set, IPP/Set e Balança Comercial). Compra de emergência de bônus pelo Bank of England (BoE) prevista para terminar

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.