Bloomberg Línea — Com um giro “dovish” da política monetária do Federal Reserve aparentemente descartado após o relatório de empregos nos Estados Unidos na semana passada, os riscos para investidores são altos antes da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de setembro nesta quinta-feira (13).
Qualquer número acima da leitura anterior de 8,3% na taxa anualizada seria um grande problema para o mercado acionário, de acordo com a mesa de trading do JPMorgan Chase (JPM).
O S&P 500 poderia registrar queda de 5% no dia do relatório, segundo nota da equipe liderada por Andrew Tyler divulgada na segunda-feira (10), observando que o S&P 500 caiu 4,3% em 13 de setembro em reação à divulgação da inflação de agosto, que veio acima do esperado.
No acumulado do ano, o S&P caiu 24,2%, passando de 4.766,18 pontos no último pregão de 2021 para 3.612,39 ontem no fechamento.
O cenário é o pior caso apresentado como uma espécie de guia para clientes investidores que buscam navegar na alta volatilidade do mercado em torno de dados econômicos.
Economistas do JPMorgan liderados por Mike Feroli esperam que o CPI de setembro mostre uma desaceleração para 8,1%, em linha com a previsão mediana de uma pesquisa da Bloomberg. Caso os dados venham em um intervalo entre 8,1% e 8,3% na taxa anualizada, a equipe de trading do banco vê uma possível pressão compradora, com o S&P 500 em baixa de 1,5% a 2%.
Não surpreende que dados sobre a inflação exerçam uma enorme influência no mercado acionário.
Comparando o desempenho do S&P 500 em relação aos 10 principais indicadores econômicos, como a taxa mensal de criação de empregos e o PIB trimestral, estrategistas do Barclays, entre eles Anshul Gupta e Stefano Pascale, descobriram que, na última década, os índices acionários nunca reagiram tão negativamente a um indicador econômico quanto ao impacto atual do CPI.
Com exceção do relatório CPI do mês de julho, o S&P 500 recuou todas as vezes em que os dados foram divulgados, pois os preços ao consumidor ficaram acima do esperado.
Os próximos dados devem definir o futuro do aperto monetário do Fed após o nervosismo recente do mercado. Na semana passada, o S&P 500 registrou sua melhor sequência de dois dias desde abril de 2020.
Investidores haviam se animado com a desaceleração da atividade manufatureira, o que incentivou apostas em alívio dos aumentos de juros. Mas o índice despencou com o sólido relatório do mercado de trabalho, que validou os que descrevem a expectativa de um giro do Fed para uma política “dovish” apenas como algo desejável.
“O CPI desta semana será o catalisador mais importante para a reunião do Fed de 2 de novembro; 0,75 ponto percentual parece uma conclusão precipitada, mas as duas reuniões seguintes carecem de consenso”, escreveu Tyler, do JPMorgan. Para ele, uma inflação mais forte em setembro deve levar o mercado de títulos a reprecificar outro aumento significativo da taxa de juros em dezembro.
Por outro lado, segundo a equipe, qualquer inflação mais branda poderia estimular um rali das bolsas, com um salto do S&P 500 de 2% a 3% se o CPI ficar abaixo de 7,9%. A reação positiva pode ser mais pronunciada se a inflação recuar mais do que os 60 pontos base vistos em julho.
“Nesse caso, as projeções de uma pausa/giro do Fed podem se tornar ensurdecedoras”, escreveu a equipe.
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©2022 Bloomberg L.P.
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