Bloomberg Línea — Na corrida do segundo turno das eleições deste ano, o ex-presidente Lula (PT) continua favorito contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo pesquisa do Ipespe divulgada nesta terça-feira (11), o petista tem 50% das intenções de voto e o atual presidente, 42%, no cenário estimulado.
Já no cenário espontâneo, quando os entrevistadores não dizem aos pesquisados quais são as opções disponíveis, Lula ganharia por 47% a 42% se a votação fosse hoje.
Depois do primeiro turno, as pesquisas eleitorais sofreram uma série de críticas, tanto de analistas quanto de políticos e de muitos eleitores. A reclamação foi quanto à diferença entre o que os levantamentos divulgadas na véspera do pleito diziam e o resultado final das urnas.
Para o cientista político Antônio Lavareda, professor de Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e responsável pelas pesquisas do Ipespe, isso aconteceu porque pesquisas eleitorais não são capazes de detectar a abstenção de votos - que neste ano chegou a 21,4% dos eleitores, o maior índice desde 1998.
Por isso, na pesquisa divulgada nesta terça, o Ipespe divulgou as intenções de voto excluindo da conta os 18% de eleitores que se disseram ter “pouco ou nenhum” interesse nas eleições. Com isso, o instituto espera conseguir chegar a um retrato mais próximo dos “votos válidos” que são efetivamente contados nas urnas no dia da eleição.
Nesse cenário, Lula ganharia de 51% a 47% se a votação fosse hoje.
Vale notar, no entanto, que os eleitores de Bolsonaro estão mais interessados no pleito que os de Lula - o que denotaria que a abstenção dos eleitores do petista é maior que a dos de Bolsonaro, como já observou Lavareda em entrevista à Bloomberg Línea.
Entre os eleitores de Lula, os interessados na eleição (“muito interesse” e “algum interesse”) são 83% dos entrevistados. Entre os de Bolsonaro, são 88%.
Para Lavareda, a pesquisa mostra uma disputa mais acirrada que o de costume para o segundo turno: “A distância registrada no momento confere a esse segundo turno um formato diverso de outras eleições que terminaram com margens mais confortáveis para o líder, considerados os votos totais”.
Em 2002, Lula venceu José Serra com 17 pontos de vantagem. Em 2006, foi reeleito com 16 pontos sobre Geral Alckmin. Em sua primeira eleição, em 2010, Dilma Rousseff bateu Alckmin com 11 pontos de vantagem.
Segundo Lavareda, o cenário atual remete aos resultados de 1989 e 2014. Em 89, Collor venceu Lula com apenas cinco pontos de vantagem. Em 2014, Dilma foi reeleita com dois pontos percentuais a mais que Aécio Neves.
A pesquisa ouviu 1.100 pessoas por telefone entre os dias 8 e 10 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-01120/2022.
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