Crise na Peloton obriga ex-CEO a usar ações para cobrir empréstimos pessoais

Segundo o Wall Street Journal, John Foley foi cobrado pelo Goldman Sachs a dar garantia adicional a empréstimos que usavam ações da companhia; papéis caíram de 95% desde o pico

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Bloomberg Línea — O banco de investimento Goldman Sachs, um dos maiores do mundo, pediu ao empresário John Foley, ex-CEO da fabricante americana para equipamentos de ginástica Peloton, que fornecesse cobertura adicional para empréstimos pessoais que usavam ações da companhia como garantia.

Segundo o Wall Street Journal, o cofundador da Peloton recebeu vários pedidos do banco para ampliar a garantia dos empréstimos tomados por ele desde que as ações da companhia despencaram de valor. Os papéis da Peloton acumulam queda de quase 95% desde que atingiram um pico de US$ 160 por ação em dezembro de 2020. Nesta terça-feira (11), as ações eram negociadas a US$ 8,84 por volta das 15h30 (horário de Brasília), em queda de 2,44%.

Foley deixou o conselho da Peloton no mês passado, o que daria a ele a flexibilidade para vender suas ações na companhia ou usar mais papéis como garantia. Mas, ao WSJ, ele nega que essa seja a razão pela qual deixou a empresa.

Segundo o WSJ, em setembro do ano passado o ex-CEO ofereceu como garantia 3,5 milhões de ações da empresa para cobrir empréstimos pessoais, o que correspondia a cerca 20% da sua participação na companhia na época. As ações eram avaliadas em US$ 300 milhões, mas hoje têm valor de apenas US$ 30 milhões.

Foley conseguiu obter um financiamento privado e evitou a venda de ações ao Goldman Sachs, disseram pessoas ouvidas pelo WSJ. Foley se recusou a dizer ao jornal quanto de sua participação atual foi dada como garantia ou qual valor ele tomou emprestado usando suas participações como garantia.

Enquanto fizesse parte do conselho da empresa, o cofundador tinha restrições para tomar empréstimos adicionais porque a maioria das empresas de capital aberto proíbe diretores e executivos de vender suas ações durante certos períodos, de acordo com o WSJ. Além disso, de acordo com as regras da Peloton, diretores e executivos não podem usar mais do que 40% do valor de suas ações individuais como garantia para tomar empréstimos, segundo o jornal.

A decisão de Foley de deixar o conselho em setembro ocorreu depois de um período tumultuado na empresa, que teve de realizar demissões para estancar o prejuízo. Foley viu sua fortuna pessoal despencar com a queda no valor das ações. Sua participação na empresa, que valia US$ 1,5 bilhão, hoje é avaliada em menos de US$ 100 milhões. “Todo mundo pode ver que eu tive um ano difícil”, disse ele ao WSJ.

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