Braskem: ações disparam mais de 20%. Entenda as razões

Rumores sobre suposta oferta de fundo Apollo e fechamento de capital na B3 reavivam expectativas de ganho de curto prazo para investidores na petroquímica

Analistas consideraram, em relatórios, que a suposta oferta de compra de controle da Braskem seria positiva para as ações
11 de Outubro, 2022 | 06:59 PM

São Paulo — As ações da Braskem (BRKM5) foram destaque do pregão da B3 nesta terça-feira (11), com alta superior a 20% diante de rumores de fechamento de capital na B3 após uma suposta oferta de compra pelo seu controle. A companhia não se manifestou sobre a variação expressiva do papel.

No fechamento da sessão, a ação teve valorização de 20,40%, cotada a R$ 33,58, após ter alcançado a cotação máxima intradia de R$ 34,30 (+23%).

Desde o ano passado, investidores aguardam a venda da participação acionária detida pela Petrobras (PETR3, PETR4) na petroquímica, controlada em conjunto pela Novonor (ex-Odebrecht).

Segundo o jornalista Lauro Jardim no jornal O Globo, o fundo americano Apollo estaria oferecendo R$ 50 por ação para fechar o capital da Braskem, com posterior reabertura na NYSE (Bolsa de Valores de Nova York). A oferta seria 25% superior à anterior feita pelo fundo.

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“Caso a oferta se concretize, a questão-chave é se a transação poderia acontecer a tempo de fechar antes de uma mudança de governo no Brasil. Acreditamos que uma mudança de governo provavelmente não iria querer a venda da participação da Petrobras (PETR4) na Braskem”, apontaram os analistas Vicente Falanga (Bradesco BBI) e Ricardo Franca (Ágora Investimentos) em nota.

Procurada por Bloomberg Línea, a assessoria da Braskem disse, no fim da tarde, que a companhia não iria comentar o assunto. A reportagem não conseguiu ouvir o fundo americano Apollo. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a B3 pediram esclarecimentos sobre as oscilações atípicas de suas ações e sobre a notícia sobre seu processo de venda. No fim do dia, a companhia respondeu não ter conhecimento de fato ou ato relevante que justifique o movimento dos papéis.

“A Braskem reforça que não conduz eventuais negociações da Novonor e Petrobras para a venda da companhia”, citou o CFO da petroquímica, Pedro Freitas.

Tag along

Outros analistas consideraram a suposta proposta de oferta como positiva para a petroquímica.

“Pelo fato de a Braskem possuir o mecanismo de tag along [que prevê a extensão de uma oferta pelo controle a minoritários], a proposta atual de R$ 50 por ação abrange a participação da Petrobras. Vemos a proposta como positiva, considerando a cotação atual de R$ 27,89 [na segunda], o que deve refletir positivamente no desempenho do papel”, escreveram os analistas Felipe Ruppenthal e Rodrigo Diniz, da Eleven Financial, antes da alta de cerca de 20% no pregão nesta terça.

Para os profissionais do Bradesco BBI e da Ágora, a suposta oferta estaria mais alinhada com uma avaliação para mudança de controle na Braskem e poderia ser satisfatória em meio às atuais condições desafiadoras para spreads de resina.

“Acreditamos que o preço da oferta também cobriria os valores da dívida da Novonor com bancos brasileiros”, avaliaram Falanga e França.

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Novonor e Petrobras estão tentando vender a Braskem há anos, sem sucesso. A Braskem é considerada um ativo valioso para a Novonor, um conglomerado que luta para se recuperar após o escândalo de corrupção da Operação Lava Jato, que levou executivos à prisão. A Novonor pagou milhões em multas no Brasil e em outros países da América Latina e viu seu pipeline de projetos diminuir.

As participações da Braskem na Novonor são dadas como garantia para empréstimos de bancos brasileiros, incluindo o banco de desenvolvimento BNDES.

Em 28 de junho do ano passado, o jornal Valor Econômico já noticiava que os fundos de private equity Apollo, Advent, Blackstone e Mubadala eram apontados como supostos candidatos aos ativos, bem como as empresas Sabic, Formosa Plastics, Sinopec e a LyondellBasell, do mesmo setor.

(Atualiza às 8h40, do dia 12/10, com resposta da companhia à CVM e à B3)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.