Por que NYC deixou de ser a cidade preferida de jovens em início de carreira?

Custo de vida dispara, inviabilizando sonhos de profissionais sem renda suficiente para cobrir custos com aluguel, boletos, além da sensação de insegurança

A inflação deixou Nova  York mais cara, obrigando profissionais iniciantes a cortar despesas e até procurar cidades mais baratas para viver
Por Paulina Cachero
09 de Outubro, 2022 | 11:36 AM

Bloomberg — Taya Thomas achava estar vivendo um sonho ao morar na cidade de Nova York, onde passeava com seu cachorro pelo Greenwich Village e bebia coquetéis de amaretto nos bares do Lower East Side. Até que os valores dos aluguéis começaram a subir.

A gerente de conta de 23 anos precisava encontrar um apartamento com espaço para escritório para seu trabalho em home office e percebeu que simplemente não conseguia parar o aluguel. Ela começou, então, a pesquisar anúncios em Miami sem planejar seriamente se mudar para lá. Até ver lugares com lavadoras e secadoras, piscinas na cobertura e outras comodidades que ela nunca poderia pagar em Nova York.

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Em fevereiro, Thomas, que vive de salário, partiu rumo aos céus mais ensolarados e impostos baixos na Flórida. Ela disse que está economizando 13% a mais de seu salário, o que lhe permitiu investir mais e pagar dívidas do crédito estudantil.

“Há uma magia em Nova York que me fez sentir como se eu fosse ficar lá para sempre”, disse Thomas. “Mas estou em uma idade em que tive que ser realista.”

Jovens profissionais como Thomas são atraídos pelo estilo de vida de Nova York: empregos poderosos com salários a combinar, jantares com vodka ao lado de celebridades no Carbone e noites na cidade que nunca dorme. Para muitos, viver em uma das cidades mais caras do mundo valeu a pena. Mas à medida que a inflação dispara, Nova York está perdendo um pouco de seu brilho.

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A contratação de profissionais em início de carreira em Nova York estagnou no final do primeiro semestre e vem caindo desde então, recuando cerca de 30% nos últimos meses, mesmo com o mercado de trabalho em geral permanecendo robusto, de acordo com Kory Kantenga, economista sênior do LinkedIn.

Essa foi a primeira desaceleração nas contratações para esse tipo de profissional iniciante desde a crise econômica desencadeada pela pandemia e “revelou sua exposição desproporcional aos ventos contrários macroeconômicos”, disse Kantenga.

“Nesse caso, as perspectivas para muitos iniciantes na carreira podem estar ligadas a como esses grandes ventos contrários – como inflação e uma possível recessão – se desenrolam”, disse ele.

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Sem dinheiro, sem problemas

Não é novidade que Nova York é cara – e nem é o êxodo de pessoas que não podem mais pagar.

O custo de vida já estava 15% acima da média nacional em 2020, antes que a inflação começasse a subir, segundo o Bureau of Economic Analysis.

A pandemia provocou aumento dos custos de moradia combinados e trouxe preços mais altos dos mantimentos, contas de energia e tudo mais, tornando a cidade ainda menos acessível.

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O aluguel médio em Manhattan subiu 26% em agosto, na comparação anual, para US$ 4.100, e cada vez mais bairros de Nova York “expulsam” quem não ganha um salário anual de seis dígitos.

Maior custo de vida atinge principalmente os jovens, que são mais propensos a alugar residência, têm renda mais baixa, saldos de empréstimos estudantis mais altos e menos economias guardadas. Georgia Bubash, 25, diz que metade de seu salário é gasto em seu apartamento de US$ 1.800 em Chinatown.

“Não tenho economias e isso me apavora”, disse Bubash, que trabalha em publicidade na cidade desde que se formou na faculdade em 2019.

Uma viagem a Portugal – onde uma refeição incluindo uma garrafa de vinho custava 13 euros (US$ 12,69) – foi um alerta para Bubash, que disse que não pode nem comer fora uma vez por semana em Nova York.

Depois que o dono do apartamento aumentou seu aluguel em US$ 500 por mês, a publicitária, que nasceu em Pittsburgh, decidiu rescindir seu contrato e voltar para casa com a esperança de eventualmente economizar o suficiente para se mudar para o exterior.

“Estou gastando muito todos os dias e o salário não está correspondendo às expectativas do que eu deveria receber”, disse ela. “Nova York está em baixa. Não é mais o lugar para conseguir viver.”

Há outros sinais de que a cidade de Nova York está se tornando menos atraente para uma nova geração de empregados que prioriza a renda disponível e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Alguns também se sentem cada vez mais inseguros à medida que o medo do crime desenfreado aumentou durante a pandemia.

Cidades em expansão durante a pandemia, que são mais acessíveis, como Austin, Texas, Denver e Nashville, Tennessee, superaram a cidade de Nova York como as áreas de crescimento mais rápido para talentos em início de carreira em 2021, informou o LinkedIn.

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