Bloomberg Línea — Após um período de grande preferência dos investidores por empresas consideradas de valor na bolsa, com ganhos previsíveis e constantes ao longo dos anos, os mercados começam agora a se mover em direção às ações que são definidas como de crescimento, com alto potencial de aumento nas receitas e no lucro nos próximos anos. Ao menos é o que aponta o Itaú BBA.
Em relatório divulgado na sexta-feira (7), os analistas Thiago Alves Kapulskis e Cristian Faria escreveram que os movimentos de preços no mercado americano nas últimas semanas sugerem uma possível rotação dos investidores no exterior de estratégias de valor para aquelas de crescimento.
Eles citam como exemplo o ETF de empresas de saúde XLV, que tem tido performance superior ao do XLF (ETF de companhias de finanças) e do XLI (ETF de indústria), apesar de ainda perder para o ETF de energia XLE.
Os analistas também chamam a atenção para o fundo de índice de inovação ARKK, que tem superado o S&P 500, e o IWF (ETF de ações de crescimento), que vem deixando o IWD (ETF de papéis de valor) para trás.
Um contexto de juros mais altos e temores de uma recessão nos Estados Unidos podem estar por trás desse movimento, segundo os analistas, com expectativas de cortes nos lucros das empresas de valor.
Dada a alta correlação das ações de tecnologia no Brasil com as techs dos Estados Unidos, o time de análise defende que isso também poderia desencadear uma rotação no mercado acionário brasileiro.
As principais beneficiárias desse movimento, segundo Alves, seriam VTEX (VTEX) e Zenvia (ZENV), brasileiras listadas em Nova York, bem como Locaweb (LWSA3), negociada na B3.
O Itaú BBA também tem recomendação outperform (performance acima da média do mercado, equivalente a compra) para as ações de Eletromídia (ELMD), Intelbras (INTB3), Totvs (TOTS3) e Sinqia (SQIA3).
Apesar de os dados estarem mostrando uma possível mudança de tendência, os analistas escrevem que ainda não estão “convencidos de que essa rotação veio para ficar”. “Por isso, mantemos nossos ratings e preços-alvo inalterados. Mas estamos de olho no cenário macroeconômico dos Estados Unidos”, conclui Alves.
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