Seca no Mississippi pressiona cotações do milho ante ameaça de recessão

Perspectivas de oferta e demanda serão conhecidas na terça (11) com divulgação de relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

Navio leva carregamento pelo rio Mississippi, nos Estados Unidos: seca afeta o escoamento da safra neste ano
Por Alex Longley - James Poole - Michael Hirtzer
07 de Outubro, 2022 | 08:09 PM

Bloomberg — Commodities abriram o quarto trimestre com algum grau de otimismo, com os preços encaminhados para a melhor semana desde março depois que a Opep+ concordou em cortar a oferta de petróleo. A próxima semana trará uma série de sinais sobre as perspectivas para o resto do ano e até 2023, antes que a temporada de resultados corporativos no terceiro trimestre chegue com força.

No mercado de energia, os destaques incluem as perspectivas da Agência Internacional de Energia (AIE) e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), à medida que investidores avaliam as perspectivas de demanda, a crise na Europa e o impacto das sanções nos fluxos da Rússia.

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Nos mercados de commodities agrícolas, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (a USDA) divulga o relatório World Agricultural Supply and Demand Estimates.

Além disso, a ata da reunião do Federal Reserve de setembro, com divulgação na quarta-feira (12), e os dados de inflação dos EUA no mês passado (o CPI), que saem na quinta-feira (13), moldarão a visão dos investidores sobre as taxas de juros, o que pode influenciar os preços do ouro.

À medida que as preocupações giram em torno das exportações agrícolas da Ucrânia e do impacto de uma recessão global sobre a demanda de grãos, o Departamento de Agricultura dos EUA divulga suas últimas estimativas de safra na quarta-feira.

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A agência surpreendeu os mercados no fim de setembro com relatórios que mostraram estoques de trigo e milho dos EUA menores que o esperado, além de estoques de soja maiores do que o previsto.

Embora a seca tenha pressionado a produção de milho dos EUA, ainda não está claro exatamente a dimensão desse impacto. A seca que reduz os níveis de água do rio Mississippi está elevando as taxas de frete das barcaças, tornando o milho americano mais caro.

A safra cara e a oferta limitada podem levar o USDA a reduzir as projeções de exportação dos EUA. Analistas, em média, esperam que o USDA corte sua estimativa para os rendimentos do milho dos EUA. Qualquer redução nos rendimentos ou no tamanho das colheitas causará volatilidade nos preços dos ativos, pois os estoques ainda estão apertados.

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Em uma crise que lembra os problemas que atingiram o rio Reno, na Europa, no início deste ano, o comércio marítimo ao longo do rio Mississippi está sofrendo com a seca. A hidrovia transporta mercadorias importantes entre o coração da América e a Costa do Golfo, e os níveis de água já estão tão baixos em alguns pontos que as barcaças estão ficando presas, fazendo com que o tráfego de navios fique bloqueado. Com pouco alívio à vista, a situação pode piorar na próxima semana.

As principais linhas de barcaças estão afastando os negócios spot - à vista - enquanto lutam para atender à demanda por grãos, metais e outras matérias-primas já contratadas com bastante antecedência. A bacia hidrográfica é responsável pelo escoamento de 92% das exportações agrícolas do país, principalmente na época da safra. O rio é uma artéria principal para a exportação de produtos agrícolas, enquanto petróleo, fertilizantes e aço importado também transitam por partes da hidrovia.

Em outra frente do mercado agrícola, o aumento do custo dos óleos de cozinha ajudou a elevar a inflação global de alimentos para um recorde em março, mas agora, finalmente, o alívio está próximo. A safra de canola no Canadá se recuperou, e a safra de soja que está sendo plantada no Brasil, o maior produtor, deve saltar para um recorde histórico. Na próxima semana, os traders olham para a Ásia, com os estoques de óleo de palma na Malásia, segundo maior produtor, atingindo o maior nível em quase três anos, mostram as estimativas da indústria. Os números chegam na terça-feira (11).

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O renascimento dos estoques é uma notícia positiva porque as perspectivas para o fornecimento de óleo de girassol da Ucrânia devastada pela guerra permanecem terríveis. Os agricultores colheram apenas 20% da área semeada com girassóis, metade do valor do ano passado, por causa da invasão russa. Também há preocupação de que o Kremlin possa apertar as condições para o corredor de exportação.

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