Bloomberg — O problema nos estoques que arrasou os varejistas nos Estados Unidos nos últimos dois anos pode estar ficando pior. Para os consumidores, isso significa melhores promoções.
Os níveis de estoque aumentaram e estão nos níveis mais altos em relação às vendas desde o início da pandemia, segundo disseram analistas do UBS Group liderados por Jay Sole. A Nike (NKE) disse na quinta-feira (29) que seus estoques na América do Norte aumentaram 65% no primeiro trimestre fiscal encerrado em 31 de agosto, muito acima do crescimento que gerou alertas em empresas como Walmart (WMT), Target (TGT) e Gap no início do ano.
Os americanos não estão mais gastando com vestuário e calçados – agora preferem viagens e entretenimento – deixando os varejistas com muito mais produtos do que podem vender. Ao mesmo tempo, o crescimento econômico mais lento, a inflação e as taxas de juros mais altas estão aumentando as preocupações de que os consumidores poderão reduzir suas compras no segundo semestre.
“A maior variável que afeta a rapidez com que as empresas podem eliminar o excesso de estoque é a demanda dos consumidores”, escreveram os analistas do UBS em 21 de setembro. “Se a demanda dos consumidores está baixa, os descontos precisarão ser maiores, e isso resultaria em uma maior pressão sobre a margem bruta”.
A Nike disse que as entregas tardias e os pedidos antecipados para o final do ano contribuíram para sua saturação de estoque. O diretor financeiro Matthew Friend disse que espera que a situação tenha um “impacto transitório sobre as margens brutas neste ano fiscal”. A empresa vai apertar suas “compras de estoque em todo o mundo com base em alguns dos riscos que poderiam se materializar no segundo semestre”, disse.
Os varejistas utilizam diversas estratégias para escoar o excesso de estoque, incluindo descontos ou manter os produtos para outra temporada. O problema específico com produtos do setor de moda é que “as tendências são passageiras, e quanto mais as empresas mantiverem o excesso de produtos, maior deverá ser o desconto que precisarão oferecer pelos itens”, disseram os analistas do UBS.
Outra opção é vender mercadorias não desejadas a lojas de descontos, como a TJX (TJX) e a Burlington Stores.
“Vamos ter uma das melhores levas de produtos de marca em um bom tempo”, disse o CFO da TJX, Scott Goldenberg, em uma conferência de apresentação de resultados em agosto.
“As desacelerações econômicas historicamente beneficiam o varejo a preço reduzido”, disse Dana Telsey, CEO do Telsey Advisory Group, em uma nota no final de agosto. “Esperamos que o fornecimento de mercadorias com descontos aumente significativamente, o que pode nos beneficiar ainda mais no próximo ano”.
A Channel Control Merchants, uma empresa de liquidação de estoques que opera cerca de 90 lojas de descontos em todo o sudeste dos EUA, acrescentou mais 25 clientes varejistas nos últimos oito meses, disse o CEO Chris Homewood.
“Tivemos mais acesso a marcas que não tínhamos antes, há um estoque mais alto”, disse Homewood. “Estamos tendo acesso a estoques e marcas que tradicionalmente não tínhamos, e tudo isso por um preço muito bom“.
--Com a colaboração de Chris Middleton e Brendan Case.
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