Banco Mundial eleva previsão de crescimento do PIB da América Latina

Argumento foi de que a região recuperou “certa sensação de normalidade” e suas economias recuperaram níveis econômicos de antes da pandemia

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Bloomberg Línea — O Banco Mundial publicou na terça-feira (4) uma revisão para cima de sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na América Latina e no Caribe para 2022. O número foi elevado para 3%, argumentando que a região recuperou “certa sensação de normalidade” e suas economias recuperaram seus níveis econômicos de antes da pandemia de covid-19.

“Na maioria dos países, o PIB e o emprego recuperaram os níveis de 2019, embora as taxas de crescimento projetadas possam ser descritas como ‘insistentemente medíocres’: enquanto não se espera que o crescimento ultrapasse o baixo nível observado na década de 2010, os sistemas bancários parecem saudáveis e os encargos crescentes da dívida são, por enquanto, controláveis”, destaca o relatório.

A nova estimativa é 0,5% superior à estimativa de junho de 2,5%, uma projeção alavancada principalmente pelos altos preços das commodities.

Entretanto, a previsão para o futuro é menos encorajadora: para 2023 e 2024, as perspectivas de crescimento são de 1,6% e 2,3%, respectivamente. Os números são inferiores à estimativa de junho de 1,9% para 2023 e 2,4% para 2024.

O desempenho da economia nos próximos dois anos será impactado pela “forte incerteza que assola o mundo como resultado da guerra na Ucrânia, aumento das taxas de juros nos países desenvolvidos e persistentes pressões inflacionárias”, de acordo com o relatório do Banco Mundial, intitulado “Novas abordagens para resolver o déficit fiscal”.

Foco será gastos públicos e impostos

“Além de implementar as reformas e os investimentos necessários para acelerar o crescimento, os governos devem abordar os custos estruturais: anos perdidos de escolaridade, vacinas não aplicadas e o impacto da insegurança alimentar que a recuperação do PIB mascara”, acrescentou o vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Carlos Felipe Jaramillo, em uma declaração oficial.

Especificamente, propõe-se que os países analisem os gastos públicos e a política fiscal para evitar efeitos adversos em suas economias. Para isso, a sugestão é melhorar a eficiência dos gastos públicos, já que em média 4,4% do PIB “é desperdiçado em transferências mal direcionadas, deficiências nas compras públicas e políticas ineficientes de recursos humanos”.

O Banco Mundial observa que a América Latina arrecada 23,7% de sua receita pública de IVA, 13,2% de impostos corporativos e 10,6% de impostos de renda pessoa física. “Pelos padrões mundiais, o fardo do primeiro é alto e regressivo e é intermediário para o segundo”, diz o relatório.

Ele observa que o baixo nível de tributação da renda de pessoas físicas em comparação com países avançados e a opção de tributação mais progressiva “reacendeu o interesse em seu potencial como gerador de recursos fiscais adicionais”.

Pobreza extrema: uma preocupação permanente

O relatório também destaca os níveis de pobreza extrema na América Latina, que caiu de 30% para 28,5% entre 2021 e 2022, mas os custos de longo prazo das crises de saúde e educação “devem ser abordados urgentemente, tanto para reavivar o crescimento quanto para mitigar o aumento da desigualdade”.

William F. Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, disse que o desafio para os países da região será administrar o peso crescente da dívida pública resultante da crise econômica e sanitária para gerar espaço fiscal suficiente para investimentos que favoreçam o crescimento.

“Racionalizar os gastos do setor público é um passo para a construção de governos mais eficientes, responsivos e confiáveis”, acrescentou.

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