Será que deveríamos acreditar em Musk desta vez?

Executivo afirmou que quer comprar a rede social de novo; mas e se depois ele decidir desistir mais uma vez?

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Bloomberg Opinion — Tentar adivinhar o que Elon Musk fará todo dia é como tentar pegar o vento. Mas por ora Elon Musk quer comprar o Twitter (TWTR) pelo preço de US$ 54,20 por ação que ele ofereceu inicialmente para a empresa de mídia social em abril, de acordo com a Bloomberg News.

O que isso significa para ele e para o Twitter? Seria uma boa ou má notícia que ele parece estar pronto para abandonar o processo legal e assumir a empresa que ele criticou durante meses? Essa resposta depende do que quer que Elon Musk queira fazer amanhã, e no dia seguinte, e no dia seguinte. É mais fácil a vaca tossir do que prever o que virá em seguida.

A decisão de Musk de comprar o Twitter há seis meses parecia ter como base uma contemplação, como quando ele disse que fecharia o capital da Tesla (algo que também gerou processos com a Securities Exchange Commission dos Estados Unidos), quando ele zombou de Bill Gates ou comentou que fabricaria um caminhão anfíbio. Não é algo que CEOs normais façam.

Mas dessa vez, houve consequências: os preços das ações do Twitter saltaram e Musk ficou preso em um processo do qual vem tentando fugir. Os acionistas do Twitter certamente ficaram animados em ser comprados ao preço inicial da oferta do Musk, e provavelmente seguirão felizes, a julgar pelo aumento do preço das ações. Já os bancos de Wall Street, que agora podem ser encarregados de vender bilhões em dívidas de compra em um mercado instável, não estão muito contentes.

Os funcionários do Twitter ficaram ainda menos animados durante essa confusão. E Musk talvez tenha ficado menos vibrante quando se deu conta de que logo teria de juntar US$ 44 bilhões e depois possuir uma empresa de mídia social que nunca descobriu como ganhar dinheiro. Ele pode estar apenas abandonando seu esforço para fugir do acordo porque parece estar perdendo o processo jurídico, segundo algumas mensagens pessoais, por vezes embaraçosas, divulgadas esta semana.

Em algum futuro possível, Elon Musk pode ser o segredo para fazer o Twitter deslanchar – ou pelo menos manter o preço de suas ações. Seu encanto foi o principal ingrediente na fórmula secreta para fazer a Tesla (TSLA) valer US$ 760 bilhões, mesmo com suas dificuldades para gerar lucro. Mas talvez esse encanto esteja prestes a acabar.

Possíveis compradores de carros elétricos estão começando a ficar desanimados com o comportamento de Musk na internet, que ultimamente continua assumindo uma postura que a maioria dos CEOs evita publicamente. O preço das ações da Tesla foi brevemente afetado pela ideia de Musk ter de vender mais delas para arrecadar fundos.

Mas essa reviravolta abrupta na compra do Twitter, deixando de lado todos os argumentos veementes que a empresa vem mentindo sobre o número de robôs, parece mais um golpe em sua reputação. E deve haver uma massa crítica na qual os projetos de Musk – desde a construção de foguetes e túneis até a negociação da paz na Ucrânia – pesam sobre sua capacidade de liderar a Tesla ou o Twitter, ou ambos.

Quanto aos usuários do Twitter e o público em geral, voltamos à estaca zero, nos perguntando como Musk vai lidar com a censura do Twitter, o ímpeto todo este fiasco. Será que ele vai deixar Donald Trump voltar para a plataforma a tempo das eleições de 2024?

Depois, há a questão dos robôs, que aparentemente ainda incomoda Musk, pelo menos se você levar em conta a acusação dele de que seu plano de paz na Ucrânia foi vítima de um exército de robôs, conforme alegou. Melhor perguntar sobre isso ao gênio da lâmpada.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Mark Gongloff é editor da Bloomberg Opinion e redator do boletim informativo Opinion Today. Ex-editor-gerente da Fortune.com, ele dirigiu a cobertura de negócios e tecnologia do HuffPost e foi repórter e editor do Wall Street Journal.

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