Barcelona, Espanha — (Atualiza a nota publicada originalmente às 6h45)
As perspectivas oscilantes sobre o ritmo da política monetária continuam como base do comportamento dos mercados, que se guiam nesta jornada por um viés mais conservador. Também pesa sobre os negócios o fato de que, depois do rali das duas últimas sessões, os investidores se vêem motivados a embolsar ganhos, sobretudo em um panorama com pouca clareza.
Para o Citigroup, por exemplo, há dúvidas se o mercado acionário tocou o piso das cotações até a semana passada e se já embutiu todo o risco de uma eventual recessão, sugerindo posições mais defensivas no curto prazo. Vale destacar, que o vaivém se orienta também pela expectativa com os dados de empregos nos EUA de sexta-feira (Payroll).
As bolsas europeias e os futuros de índices acionários em Nova York operam em queda desde o começo da manhã. No caminho inverso desse rebote nos índices ocidentais, o mercado acionário de Hong Kong voltou do feriado com alta de quase 6%, corrigindo a diferença gerada pelo ânimo nas demais praças enquanto estava fechado.
O ouro também tambén recuava, assim como a libra que voltava a se depreciar frente ao dólar. No mercado de títulos, os prêmios dos títulos da dívida dos EUA com vencimento em 10 anos subiam, para em torno dos 3,69%.
→ O que move os mercados hoje
🐦 Musk desiste de desistir. Elon Musk renovou sua oferta de compra do Twitter pelo preço original de US$ 54,20 por ação (US$ 44 bilhões) e o Twitter informou que pretende fechar o acordo pelo preço combinado. Ao voltar atrás, Musk evita uma briga na justiça. As ações da rede social subiram 22%, para US$ 52 no final do pregão em Nova York, depois de uma breve interrupção nos negócios. Até a Dogecoin, criptomoeda mais incensada por Musk, subiu cerca de 9% nas últimas 24 horas. O bilionário também anunciou em um tweet a criação do “X”, que poderia replicar o chinês WeChat, serviço multiplataforma de mensagens instantâneas criado pela gigante Tencent.
🛢️📈 Petróleo x Inflação. As cotações do petróleo oscilavam com volatilidade antes da reunião de hoje da OPEP+, com a perspectiva de que o cartel anunciará um grande corte de produção, da ordem de 2 milhões de barris por dia. A investida, que seria a maior neste sentido desde 2020, teria o objetivo de estabilizar os preços da commodity. Essa decisão, no entanto, complica a luta dos bancos centrais contra a inflação e a Casa Branca já pediu estudos sobre o impacto de uma proibição de exportações de gasolina, diesel e outros refinados. A questão é que esse bloqueio também poderia afetar os preços e, simultaneamente, deixar países aliados descobertos em um momento de necessidade.
🧐 A má notícia que alenta. Dados que indicam uma deterioração do cenário macroeconômico têm sido bem recebidos pelo mercado financeiro. Esse paradoxo está relacionado com a perspectiva de que, com uma economia a passos mais lentos, o Federal Reserve (Fed) moderaria o aumento dos juros, estratégia que o banco central tem utilizado para controlar uma inflação elevada e persistente. Nos Estados Unidos, as vagas de empregos JOLTs caíram 1,1 milhão, mais do que o esperado, atingindo o menor nível desde junho de 2021. Embora o emprego ainda esteja em níveis robustos, o declínio sugere que a demanda de empregos está moderada. Hoje o mercado toma nota dos números de empregos da ADP, enquanto espera pelas folhas de pagamento (Payroll) de setembro na sexta-feira.
😶🌫️ Nuvem de fumaça. Enquanto os investidores começam a apostar em moderação da política do Fed, os dirigentes da autoridade monetária seguem firme na missão de derrotar a inflação. Dois dirigentes reforçaram discursos nesse sentido: Philip Jefferson disse que frear a inflação é a principal prioridade do Fed. Ao mesmo tempo, Mary Daly, presidente do Fed de San Francisco, comentou que a inflação “é uma toxina que corrói o poder de compra das pessoas” e que a economia precisa de empregos, mas com estabilidade de preços.
⏳ Novos tempos? Ontem, ao subir os juros a uma proporção inferior à esperada (0,25 ponto percentual, em vez de 0,50 ponto), o banco central australiano freou o ímpeto de sua política monetária para preservar a economia real, já que os juros crescentes têm afetando um grande número de famílias endividadas com hipotecas.
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🟢 As bolsas ontem (4): Dow Jones Industrials (+2,80%), S&P 500 (+3,06%), Nasdaq Composite (+3,34%), Stoxx 600 (+3,12%), Ibovespa (+0,08)
Os mercados acionários norte-americanos tiveram ontem o segundo rali consecutivo. Os investidores continuam a avaliar se os bancos centrais irão realmente moderar sua política monetária para evitar uma recessão econômica. Além disso, as vagas de emprego no país caíram para seu nível mais baixo em 14 meses, o que poderia aliviar parte das preocupações do Fed, que teme que um mercado de trabalho muito ativo repercuta na inflação.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Festivo: China e Índia
• Indicadores PMIs: Zona do Euro, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Estados Unidos, Japão, Hong Kong, Brasil
• EUA: Variação de Empregos Privados ADP, Atividade Empresarial não Manufatureira ISM/Set, Vendas de Veículos, Balança Comercial/Ago, Reunião da OPEP, Atividade das Refinarias/Estoques de Petróleo - EIA, Pedidos de Hipotecas - MBA
• Europa: Alemanha (Balança Comercial/Ago, Transações Correntes/Ago); França (Produção Industrial/Ago) Espanha (Confiança do Consumidor)
• América Latina: Brasil (Produção Industrial/Ago, Fluxo Cambial Estrangeiro); Colômbia (IPC/Sep); México (Confiança do Consumidor)
• Bancos centrais: Discursos de Raphael Bostic (Fed), Johannes Beermann (Bundesbank), Haruhiko Kuroda (BoJ)
📌 Para a semana:
• Quinta: EUA (Pedidos de Seguro Desemprego); Zona do Euro (Vendas no Varejo/Ago); BCE divulga ata da Reunião de Política Monetária. Discursos de Charles Evans, Loretta Mester, Lisa Cook e Christopher Waller (Fed)
• Sexta: EUA: (Relatório de Emprego-Payroll/Set, Vendas no Atacado/Ago, Crédito ao Consumidor/Ago); Zona do Euro (Cúpula de Líderes da União Europeia). Pronunciamentos de John Williams (Fed) e David Ramsden (BoE)
(Com informações da Bloomberg News)