México decide restringir exportações de alimentos para tentar conter inflação

Plano envolve acordo com redes de supermercados e produtores de alimentos e pretende redução de preços em 8% em relação ao pico médio atingido no país

Governo mexicano toma novas medidas para conter o aumento de preços de alimentos
Por Max de Haldevang
04 de Outubro, 2022 | 07:40 AM

Bloomberg — O México pretende cortar o custo de 24 produtos básicos ao restringir as exportações de alimentos e estender um pacto com grandes empresas na mais recente tentativa de domar os preços crescentes ao consumidor.

O governo quer reduzir até fevereiro de 2023 os preços dos principais produtos em 8% em relação ao pico médio, disse o ministro das Finanças, Rogelio Ramirez de la O, na segunda-feira (3).

Com esse objetivo, interromperá as exportações de bens, incluindo milho branco, feijão e sardinha, bem como sucata usada para latas de alimentos, disse Ramirez. Também suspenderá exigências como tarifas e outras barreiras de importação para empresas que concordarem com o acordo, disse ele.

As empresas envolvidas no pacto incluem a rede de supermercados Wal-Mart do Mexico, Grupo Comercial Chedraui e Organización Soriana, além de produtores de alimentos como Gruma, Industrias Bachoco e Sigma Alimentos, disse Ramirez.

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“Ao contrário dos EUA, onde a inflação é causada pela demanda, no México é devido à oferta”, disse o ministro das Finanças do México a repórteres. “Por esse motivo, a melhor resposta é produzir mais alimentos e cortar custos regulatórios e logísticos.”

A agência de proteção ao consumidor terá o poder de sancionar qualquer abuso de preços, disse Ramirez. Um tipo de farinha de milho usado para fazer tortilhas deve cair 3% sob o plano, disse ele.

Medidas como a redução da burocracia e a suspensão das tarifas devem ajudar as empresas a se tornarem mais eficientes e reduzir custos, mas o pacto “não deve levar a uma melhora acentuada na inflação de alimentos”, escreveu em nota o estrategista do Bradesco Rodolfo Ramos, acrescentando que aumentos do salário mínimo e gastos sociais podem aumentar a pressão sobre a inflação.

A segunda maior economia da América Latina viu a inflação disparar para uma alta de 22 anos, atingindo de 8,7% nos 12 meses até agosto, enquanto alguns pares regionais, incluindo o Brasil, começaram a ver a desaceleração de aumentos de preços. A Argentina tentou conter a inflação restringindo as exportações de carne bovina e outros produtos, mas obteve sucesso apenas limitado.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, argumentou que os acordos não podem ser considerados controles de preços porque as próprias empresas decidirão os valores. Ele disse que a inflação crescente pode moderar o tamanho dos aumentos do salário mínimo daqui para frente.

Ao mesmo tempo, o banco central do México elevou sua taxa básica de juros para um nível recorde de 9,25% na semana passada, citando uma piora nas perspectivas de inflação.

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