Bloomberg Línea — Depois de um período de estabilidade no número de provas de corrida de rua entre 2015 e 2019, passada a fase mais crítica da pandemia, a modalidade voltou aos tempos de ouro como de 2008 a 2014. Trata-se de um reflexo do novo momento do esporte para as pessoas e, como consequência, dos negócios nesse mercado, contou Alexandre Fiorati, CEO da Asics na América Latina.
“Vemos esse movimento muito forte. As pessoas, no pós-pandemia, voltaram a perceber a importância de ter saúde”, disse em entrevista à Casa de Negócio$, websérie da Bloomberg Línea.
Fiorati contou que nesse cenário a companhia tem alcançado um crescimento de faturamento em todas as regiões que atua, com destaque para a América Latina e a China continental, com foco especialmente em running, a categoria de corrida. “Não é só o Brasil que cresce na região. Países como Argentina, Chile e Colômbia também têm uma cultura muito grande de provas de rua”, disse.
Houve um aumento de 36% do número de das pessoas que não eram praticantes e passaram a ser na pandemia, segundo estimativas de mercado citadas pelo executivo.
O comportamento por faixas etárias tem se distribuído de forma distinta, explicou: os chamados baby boomers e pessoas da Geração X praticam mais horas de esporte semanalmente que os da Geração Z.
Fiorati atribuiu essa diferença a questões como maior consciência de manutenção de saúde e a outras atividades que consomem tempo da geração Z, como games. “O mais importante é fazer com que todas as faixas etárias aumentem a prática esportiva. O difícil é fazer a pessoa sair da inércia.”
Fiorati contou ainda sobre o fenômeno global da demanda de tênis de corrida com cada vez mais tecnologia, como placa de carbono, por atletas amadores em busca de seus melhores tempos. “O corredor busca cada vez mais tecnologia no calçado. E a base do valor que é gerada para o consumidor e, portanto, para a empresa, está na inovação.”
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P&D global com atletas
A Asics é uma das marcas globais de artigos esportivos mais conhecidas pelo patrocínio a atletas profissionais, principalmente de esportes olímpicos. Mais recentemente, por exemplo, a companhia foi patrocinadora oficial da Olimpíada e da Paralimpíada de Tóquio, no Japão, em 2021.
“É muito importante [para a nossa estratégia] fazer patrocínios, mas também mostrar o conceito da marca localmente”, contou Fiorati. No Brasil, por exemplo, patrocinamos o Parque Bruno Covas [em São Paulo], além de uma ONG na zona leste de São Paulo para o desenvolvimento de crianças no atletismo, algo muito ligado à origem da companhia no Japão para promover o esporte na juventude.”
Fiorati explicou que a negociação para o patrocínio de atletas é algo complexo, que exige uma negociação comercial longa, além da análise da combinação do perfil da pessoa com a marca. Quando a relação se desenvolve bem, contou, aquilo evolui para algo além da frente comercial.
“A Asics tem uma série de atletas com longa parceria, como o Gaël Monfils, um tenista francês. Ele ficou tanto tempo - e agora não está mais conosco - que agora nos ajuda a desenvolver produtos. É uma relação com o atleta que não é somente um outdoor, ele também colabora com o desenvolvimento e passa feedbacks do que efetivamente o produto traz para ele.”
No Brasil, Fiorati disse que Solonei Silva e Adriana Silva são atletas que trabalham com a marca e mantêm diálogo constante em eventos, em feedbacks e em ideias sobre o mercado local. “São atletas que se relacionam com a marca, porque gostam do produto e trazem ideias de melhoria e de percepção.”
O tenista sérvio Novak Djokovic também faz parte da lista de atletas da marca que contribuem com o desenvolvimento e o aprimoramento de produtos.
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