Barcelona, Espanha — (Esta é a atualização de nota originalmente publicada às 6h30)
Os investidores chegam ao primeiro pregão do trimestre com humor pesado, considerando uma miríade de fatores que ainda sobrevoam os pregões, como a política agressiva dos bancos centrais e a piora das pressões vindas do setor de energia. Também pesam temores com o processo político no Reino Unido e os efeitos sobre a economia, bem como o alerta disparado pelo Credit Suisse sobre sua saúde financeira.
Instantes atrás, as ações europeias caíam com a escalada da crise energética da região - movimento que está menos intenso ao da abertura. Os papéis do Credit Suisse Group AG atingiram baixa recorde enquanto os investidores continuavam a especular sobre o futuro do banco. Ao mesmo tempo, os futuros de índices nos Estados Unidos buscavam uma direção conjunta, pendendo para o vermelho.
O rendimento dos títulos de 10 anos da dívida dos EUA recuava, assim como os títulos de igual vencimento do Reino Unido. A libra sustenta apreciação ante o dólar após o país abandonar o plano de abolir a taxa máxima de imposto de renda. Já os contratos de petróleo avançavam mais de 4%, em meio a sinais de que a OPEP+ poderia reduzir a produção.
→ O que move os mercados hoje
O mercado dá a largada no último trimestre do ano ainda envolto em incertezas e temores. Os riscos de recessão continuam assombrando os investidores - com uma inflação ainda alta, apesar do aperto monetário consistente ao redor do globo. Nos Estados Unidos, essa visão foi confirmada na sexta-feira pelo índice inflacionário PCE e a questão continuará na pauta ao longo desta semana, com novos indicadores de atividade, emprego e preços nos EUA e na Europa.
🏭 Queda livre. A indústria manufatureira deteriorou-se ainda mais em toda a Europa em setembro, conforme o PMI (índice de gerentes de compras) da Zona do Euro, um indicador caiu de 49,6 pontos para 48,4 pontos em setembro. É o terceiro mês consecutivo que o índice fica abaixo do limite de 50, que separa expansão de contração o que amplia as perspectivas para a região
🔙 Um passo atrás. O mercado repercute o tweet da primeira-ministra do Reino Unido Liz Truss, que desistiu de reduzir impostos para os contribuintes mais ricos após enfrentar forte oposição no Parlamento. A cotação da libra mudou de rumo na mesma hora e passou a se apreciar ante o dólar, enquanto o mercado avalia se a dirigente terá condições de se manter no cargo.
❄️ Crise energética: Pesam sobre os mercados os temores de que a OPEP+ possa reduzir sua produção e o corte da Gazprom no envio de gás para a Itália, que foi anunciado no sábado. A tensão aumenta com maiores riscos para os preços às portas do inverno europeu. O corte atinge apenas a Itália e estaria justificado por uma questão regulatória da Áustria, por onde passa o gás com destino à Itália.
🏦 Credit pede prazo. Outro fator de atenção para os investidores é a extensão de prazo que o Credit Suisse pediu para entregar uma nova estratégia para sua recuperação financeira. O custo para garantir os bônus do Credit contra inadimplência subiu 15% na semana passada, para um nível inédito desde 2009. As ações da empresa recuaram com força na bolsa alemã, superando os 10% de queda.
🇧🇷 Olho no Congresso. O resultado apertado do primeiro turno da eleição no Brasil pode levar os investidores a reavaliarem as suas apostas para o país. A visão dos analistas é de que no curto prazo nenhum dos candidatos comprometeria as contas do país ou o espaço para ganhos em bolsa. Mas enquanto o segundo turno não chega, o olhar estará na nova composição do Congresso Nacional, em busca de pistas sobre a governabilidade que o novo presidente eleito terá. O ETF Next Funds Ibovespa, que acompanha o Ibovespa, chegou a subir 3% nas primeiras horas de negociações no mercado asiático, após a contagem dos votos. E o fundo ETF Lyxor MSCI Brasil em Paris também subiu.
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🟢 As bolsas ontem: As bolsas na sexta-feira (30): Dow Jones Industrials (-1,71%), S&P 500 (-1,51%), Nasdaq Composite (-1,51%), Stoxx 600 (+1,30%), Ibovespa (+2,20%)
As bolsas registraram algum otimismo após a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, destacar a necessidade de monitorar o impacto da alta dos juros na estabilidade do mercado. Esse alívio, no entanto, durou pouco e mais tarde o forte resultado dos gastos de consumo pessoal (PCE) nos EUA devolveu os três principais indicadores acionários ao território negativo. Já são três trimestres consecutivos de perdas, a pior sequência desde 2009.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriado: China
• Indicadores PMIs: (EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Japão, México, Brasil)
• EUA: Gastos com Construção/Ago, Índice ISM de Emprego no Setor Manufatureiro/Set
• Europa: Zona do Euro: Ministros das Finanças da Zona do Euro e da UE se reúnem; França (Balanço do Governo/Ago)
• Ásia: Japão (Índice de Preços ao Consumidor/Set, Base Monetária)
• América Latina: Brasil (Boletim Focus, Taxa de Longo Prazo-TLP, Balança Comercial/Set)
• Bancos centrais: Raphael Bostic e John Williams (Fed), Catherine Mann (BoE)
📌 Para a semana:
• Terça: EUA (Pedidos de Bens Duráveis/Ago, Encomendas à Industria/Ago); Europa: Zona do Euro (Índice de Preços ao Produtor-IPP/Ago. Discursos de John Williams, Loretta Mester, Mary Daly (Fed), Christine Lagarde (BCE) e Johannes Beermann (Bundesbank)
• Quarta: PMI de Serviços da Zona do Euro; EUA (Reunião da Opep, Balança Comercial/Ago, Empregos Privados-ADP/Set)
• Quinta: EUA (Pedidos de Seguro Desemprego); Zona do Euro (Vendas no Varejo/Ago); BCE divulga ata da Reunião de Política Monetária. Discursos de Charles Evans, Loretta Mester, Lisa Cook e Christopher Waller (Fed)
• Sexta: EUA: (Relatório de Emprego-Payroll/Set, Vendas no Atacado/Ago, Crédito ao Consumidor/Ago); Zona do Euro (Cúpula de Líderes da União Europeia). Pronunciamentos de John Williams (Fed) e David Ramsden (BoE)
(Com informações da Bloomberg News)