Credit Suisse mergulha em nova crise após memorando de CEO

Banco enfrenta turbulência à espera da divulgação do novo plano estratégico, que pode incluir o corte de milhares de empregos

CEO prometeu enviar atualizações frequentes à equipe até que o banco anuncie seu novo plano estratégico, em 27 de outubro
Por Marion Halftermeyer e Myriam Balezou
03 de Outubro, 2022 | 02:04 PM
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Bloomberg — O Credit Suisse (CS) enfrenta uma nova turbulência depois que as tentativas do CEO Ulrich Koerner de tranquilizar funcionários e investidores tiveram o efeito contrário e aumentaram as incertezas em torno do futuro do banco.

As ações, que já haviam perdido mais da metade do valor este ano antes desta segunda-feira (3), chegaram a cair 12% nas negociações de Zurique, para uma mínima histórica que avalia a empresa em menos de US$ 10 bilhões. O movimento foi acompanhado por um aumento no custo de proteção da dívida do banco contra um default, que subiu para um nível recorde.

Pela segunda vez, Koerner procurou acalmar funcionários e mercados com um memorando divulgado na sexta-feira (30), após o fechamento do pregão. No documento, ele enfatizou a liquidez e a força do capital do banco. Mas ao focar na recente volatilidade das ações e nos spreads de crédito, levou investidores a venderem suas posições quando as negociações foram reabertas nesta segunda.

Embora tenha reconhecido que o banco enfrenta um “momento crítico”, o executivo prometeu enviar atualizações frequentes à equipe até que o banco anuncie seu novo plano estratégico, em 27 de outubro.

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Segundo pessoas com conhecimento do assunto, o Credit Suisse também voltou a enviar pontos de discussão para executivos em contato com clientes que mencionam os contratos de credit default swap (CDS).

Embora ainda estejam longe do nível “estressado” (quando seu valor é impactado negativamente por circunstâncias internas ou externas) – e façam parte de um sell-off do mercado em geral –, esses contratos refletem a deterioração das percepções sobre a credibilidade do banco atingido por escândalos no ambiente atual. Os swaps agora precificam uma chance de aproximadamente 23% de o banco deixar de pagar seus títulos em cinco anos.

Alguns clientes aproveitaram o aumento do CDS este ano para negociar preços e buscar concorrentes, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas. O Credit Suisse não quis comentar por meio de um porta-voz da empresa.

Ainda assim, alguns players de peso foram ao Twitter no fim de semana para descartar alguns dos rumores que circulam nas redes sociais provocados pelo aumento do spread do CDS como “alarmismo”. Boaz Weinstein, da Saba Capital Management, tuitou “respire fundo” e omparou a situação ao que ocorreu com o Morgan Stanley (MS), quando seu CDS era duas vezes maior, em 2011 e 2012.

Koerner, escolhido como CEO no fim de julho, teve que administrar especulações de mercado, saídas de banqueiros e dúvidas sobre o nível de capital enquanto procurava estabelecer um caminho para o banco, atingido por uma série de problemas financeiros e de reputação.

O Credit Suisse está finalizando os planos que provavelmente trarão mudanças radicais no banco de investimento e podem incluir o corte de milhares de empregos ao longo de vários anos, segundo informado anteriormente pela Bloomberg News.

Analistas da KBW também estimam que a empresa tenha que levantar 4 bilhões de francos suíços (US$ 4 bilhões) em capital, mesmo depois de vender alguns ativos para financiar uma potencial reestruturação, planos de crescimento e outras medidas.

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A capitalização de mercado do Credit Suisse caiu para cerca de 9,5 bilhões de francos suíços. Isso significa que qualquer venda de ações seria altamente diluída para investidores antigos. Em março de 2021, o valor de mercado estava acima de 30 bilhões de francos.

Reguladores do Reino Unido e da Suíça, que estão de olho no Credit Suisse desde a perda multibilionária causada pelo Archegos Capital em 2021, ainda monitoram a estabilidade do banco, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

Porta-vozes da Prudential Regulation Authority (PRA), do Reino Unido, e da agência Finma, da Suíça, não quiseram comentar.

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