Ipespe: Lula fica estável em 46% e Bolsonaro cai para 33%

A um dia da eleição, petista cresceu um ponto em relação à semana passada e presidente caiu dois; debate da Globo reforçou a escolha dos eleitores, segundo pesquisa

Lula oscila para cima e Bolsonaro, para baixo, em nova sondagem feita por telefone
01 de Outubro, 2022 | 01:47 PM

Bloomberg Línea — Na véspera do primeiro turno da eleição, o ex-presidente Lula (PT) registrou 46% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro (PL), 33%. Segundo pesquisa do Ipespe, contratada pela Associação Brasileira dos Pesquisadores Eleitorais (Abrapel) e divulgada neste sábado (1º), o petista ficou estável em relação à semana passada e o presidente caiu dois pontos, ainda dentro da margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais.

Depois dos líderes, vêm os candidatos Ciro Gomes (PDT), com 7%, e Simone Tebet (MDB), com 6%. Diante da margem de erro, estão tecnicamente empatados.

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Embora a pesquisa confirme a situação de estabilidade mostrada por outros levantamentos, o cenário espontâneo, em que os entrevistadores não informam os nomes dos candidatos, Lula apresenta viés de crescimento. Tinha 40% na pesquisa divulgada em 8 de setembro e agora está com 43%, no limite da margem de erro. Já Bolsonaro, no cenário espontâneo, caiu de 34% para 32% no período.

Considerando os votos válidos (que excluem os votos brancos e nulos e os que não responderam), Lula chegou a 49% das intenções e Bolsonaro ficou com 35%. Isso quer dizer que, se a eleição fosse feita no mesmo momento que a pesquisa, haveria segundo turno.

Indefinição

“Pesquisa não é prognóstico”, afirma o cientista político Antônio Lavareda, professor da Universidade Federal de Pernambuco e responsável pelas sondagens do Ipespe. “Pesquisas fazem fotografias de momentos, medem atitudes, opiniões, mostram tendências, mas não medem comportamento”, diz ele.

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“Por quê? Porque sistemas pluripartidários, gerando diversas candidaturas como o nosso, abrem espaço para o voto estratégico (voto útil) inclusive no último minuto. Movimento que pode ocorrer até amanhã, incentivado pelas pesquisas publicadas hoje. Além disso, a obrigatoriedade do voto, gerando a ocultação de parte expressiva desse comportamento nas entrevistas, torna impossível retratar a abstenção”, explica.

Isso significa, segundo o cientista político, que a possibilidade de a eleição ser decidida já no domingo ainda está em aberto. Segundo ele, quanto maior a abstenção, pior para Lula. E quanto maior a “pressão social” pelo chamado “voto útil”, melhor para o ex-presidente. E 75% dos eleitores disseram que gostariam de ver a eleição encerrada já no primeiro turno - no início de setembro, essa cifra era 68%.

Efeito do debate

A pesquisa foi feita na sexta-feira (30/9). Pegou, portanto, a percepção dos eleitores sobre o debate da Globo entre os candidatos. Segundo o Ipespe, 60% dos pesquisados viram pelo menos algum trecho do debate. E 76% deles disseram que o evento serviu para reforçar as escolhas já feitas - para os eleitores de Lula, essa cifra foi de 80%; para os de Bolsonaro, 83%.

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“O saldo líquido desses movimentos pode ter sido responsável pelas últimas alterações nas curvas de intenção de voto até o dia de ontem. 3% disseram que depois dele haviam resolvido não votar em ninguém; 2% eram indecisos e escolheram um candidato; e 1% assumiram ter mudado de candidato”, diz Lavareda.

A pesquisa também apontou que, para 56% dos entrevistados, os temas sociais devem ser prioritários para o próximo presidente. A economia foi citada por 31% dos pesquisados.

Em primeiro lugar dos temas prioritários ficou a educação, citada 28%. Depois vêm saúde (21%), inflação e custo de vida (17%) e desemprego (12%).

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A pesquisa ouviu 1.100 pessoas por telefone na sexta-feira (30/9). A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95,45%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral é BR-05007/2022.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.