Hora de evitar o Brasil? Esta gestora de Wall St. recomenda dívida de emergentes

Stone Harbor, que é especializada em dívida e tem US$ 9 bilhões em papeis de emergentes, vai na contramão do consenso de mercado, que tem evitado tais ativos

Gestoras e bancos de Wall Street têm evitado em geral ativos de emergentes, mas há exceções entre as casas
Por Selcuk Gokoluk
30 de Setembro, 2022 | 08:55 PM

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Bloomberg — A Stone Harbor, gestora de Wall Street especializada em dívida, está comprando títulos de mercados emergentes mais arriscados em uma aposta de que retornarão até 20% nos próximos três anos.

Os yields da dívida soberana e corporativa em dólar de emergentes com classificação de alto risco - high yield - estão quase 8,5 pontos percentuais acima dos rendimentos do Tesouro americano, segundo índices da Bloomberg. Eles também estão cerca de 5 pontos acima da mínima de 2018.

“Esta é a hora de comprar se a história serve de guia”, disse Jim Craige, co-diretor de investimentos da Stone Harbor, que tem US$ 9 bilhões em dívida de emergentes sob gestão.

“Nestes níveis de spread, estamos olhando para retornos muito significativos daqui para frente, mesmo que tenhamos volatilidade no mercado de Treasuries [os títulos dos Estados Unidos].”

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Sua visão contrasta com a da maioria dos investidores, que continuam fugindo da dívida de emergentes. Os fundos dedicados ao segmento sofreram seis semanas seguidas de resgates líquidos, no valor de US$ 4,4 bilhões, de acordo com relatório do Bank of America com base em dados da EPFR Global.

A dívida em dólar dos emergentes perdeu mais de 5% neste mês, elevando as perdas do ano para 20%, enquanto as emissões em setembro, em dólar e euro, foram as menores para o mês desde 2011, segundo dados compilado pela Bloomberg.

Enquanto isso, a parcela de investidores que permanece pessimista em relação aos mercados emergentes nos próximos três meses subiu para o maior nível já registrado, com volumes de dinheiro em caixa que refletem temores de uma recessão global, de acordo com pesquisa do HSBC.

“É muito cedo para ficar otimista com a dívida dos mercados emergentes, pois há muitos ventos contrários”, disse Yong Zhu, gestor sênior que ajuda a supervisionar US$ 10 bilhões em ativos na DuPont Capital. “Ainda estamos cautelosos e não recomendamos adicionar mais risco nesta conjuntura antes que os dados mostrem que a inflação dos EUA desacelera e o Fed se aproxima do fim de seu ciclo de alta.”

Mas o número de investidores que buscam aplicar seu dinheiro também aumentou, e os mercados emergentes começaram a superar o crédito global à medida que o foco dos pessimistas se volta para o Reino Unido e suas medidas recentes de corte de impostos, que ampliaram o risco fiscal.

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