Bloomberg Línea — O SoftBank demitiu 10 pessoas de sua equipe para a América Latina na quarta-feira (28), ou cerca de 18% do total da operação na região, conforme disse à Bloomberg Línea uma pessoa familiarizada com o assunto e que preferiu não se identificar porque as discussões são privadas.
Procurado pela Bloomberg Línea, o SoftBank não comenta as demissões.
Globalmente foram cerca de 150 pessoas afetadas no Vision Fund, um pouco menos de 30% do total da companhia, de acordo com essa pessoa, seguindo o que o fundador do conglomerado japonês Masayoshi Son já tinha anunciado na última reunião de resultados, depois de um prejuízo recorde de US$ 23 bilhões.
De acordo com essa pessoa, que pediu para não se identificar porque o assunto é privado, o fundo para a América Latina seguiu a ordem por uma questão corporativa, mas a situação da região é diferente do ciclo de baixa que o SoftBank vem sofrendo nos outros mercados em que atua.
A operação do SoftBank na América Latina começou em 2019 e, neste ano, os veículos de investimento na região (LatAm Fund I e II) passaram a ser administrados sob o guarda-chuva do Vision Fund.
Segundo a pessoa que conversou com a Bloomberg Línea, como é um fundo recente, com viés de alta e grande retorno, a tentativa foi seguir a diretriz global, mas sem afetar a operação. Com isso, disse, o time mais junior da parte de investimento e de operação foi impactado pela política de cortes. O número de funcionários do SoftBank para a região foi de 53 para 43 pessoas.
A liderança do SoftBank para a América Latina, contudo, continua.
O peso do SoftBank na região
Em entrevista à Bloomberg Línea, Humberto Zesati, sócio-diretor da empresa de private equity mexicana LIV Capital, disse que o SoftBank foi o grande catalisador para posicionar a América Latina no foco dos grandes fundos internacionais.
“Antes do SoftBank, a indústria de capital de risco demoraria para decolar em termos de financiamento, mas isso mudo nos últimos cinco anos”, opinou.
Hoje, o SoftBank tem pouco mais de 80 empresas em seu portfólio na América Latina, como os unicórnios Rappi, Creditas, Kavak, Vtex, Olist e MadeiraMadeira, e deve anunciar em breve novos investimentos, conforme Rodrigo Costa, sócio do SoftBank Investment Advisers, disse durante evento promovido pelo Demarest Advogados na semana passada.
“Continuamos procurando oportunidades. O custo de capital mudou muito rapidamente e as expectativas de preço do investidor versus da companhia estão ainda bem divergentes”, considerou o sócio do SoftBank.
Desde o lançamento do LatAm Fund em 2019, o SoftBank gerenciou cerca de US$ 8 bilhões nos dois fundos, dos quais US$ 7,68 bilhões já foram alocados. O fundo I do SoftBank para a América Latina tinha US$ 5 bilhões para investir. Quando a empresa anunciou o fundo II de US$ 3 bilhões em setembro do ano passado, o primeiro já estava praticamente investido.
Segundo o SoftBank, a região ainda tem à disposição um pool de US$ 2 bilhões (em reserva) que ainda não foi investido. Contando os quase US$ 400 milhões remanescentes dos fundos LatAm, o SoftBank ainda dispõe de aproximadamente US$ 2,4 bilhões para investir na região.
De acordo com o conglomerado, os Vision Funds não aportam na América Latina por meio dos fundos LatAm. São administrações distintas, com lógicas e sócios diferentes. Mas existem empresas da região que receberam aportes do SoftBank tanto via LatAm Funds como Vision Funds, como foi o caso da Creditas.
Leia também
Os líderes de unicórnios entre os 500 mais influentes da América Latina
Esta fintech é o mais novo investimento de Marcelo Claure, ex-SoftBank