Porsche conclui IPO bilionário que desafiou (e venceu) o mercado em queda

Marca icônica de carros esportivos teve demanda acima da oferta mesmo com ação no teto da faixa de preços e estreia valendo US$ 73 bilhões, quase o mesmo que a VW

Modelos históricos da Porsche são exibidos na frente da Bolsa de Frankfurt no dia da estreia das ações da empresa (Alex Kraus/Bloomberg)
Por Monica Raymunt - Swetha Gopinath
29 de Setembro, 2022 | 09:44 AM

Bloomberg — A Porsche venceu novamente.

A marca alemã de carros esportivos concluiu a maior oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Europa em uma década mesmo nas condições de mercado mais adversas em tempos.

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As ações subiam 3% nesta quinta-feira (29) na Bolsa de Frankfurt mesmo depois que a controladora Volkswagen estabeleceu o preço final de listagem da empresa no limite superior.

A ação da fabricante do 911, um dos carros mais clássicos do mundo, era negociada a 84,88 euros, em dia de declínio de até 2% no principal índice da Alemanha, o DAX. O preço de oferta de 82,50 euros avaliou a empresa na largada em Frankfurt em 75 bilhões de euros (cerca de US$ 73 bilhões).

Esse é quase o valor da própria Volkswagen, que estava em 80 bilhões de euros (cerca de US$ 77,5 bilhões) no começo da tarde (horário da Alemanha).

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Para efeito de comparação, na bolsa brasileira, a B3, as duas empresas mais valiosas são a Petrobras (PETR3, PETR4), com US$ 76 bilhões, e a Vale (VALE3), com US$ 61 bilhões, com a ressalva de que as áreas de atuação são diferentes.

A listagem rendeu 9,4 bilhões de euros em recursos para a VW.

“Hoje é um dia histórico para a Porsche”, disse Oliver Blume, CEO da Volkswagen e da Porsche, em entrevista à Bloomberg Television. “A primeira reação do mercado é muito positiva e isso mostra o potencial da nossa empresa.”

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A listagem da Porsche é um movimento ousado para os mercados públicos, que estiveram - e ainda estão - em grande parte fechados para IPOs durante a maior parte do ano, com as empresas se esquivando de buscar novas listagens por causa da combinação de crise energética europeia, aumento das taxas de juros e inflação recorde - as mais altas desde o início de circulação do euro.

As receitas com a venda ajudarão a Volkswagen a ter fundos para investir em sua estratégia de eletrificação, enquanto os investidores recebem uma fatia de uma marca emotiva semelhante à Ferrari, que também conseguiu uma separação bem-sucedida da controladora Fiat em 2015.

Oliver Blume (à direita), CEO da Porsche e da Volkswagen, e Lutz Meschke, vice-presidente do conselho da Porsche, na cerimônia do IPO na Bolsa de Frankfurt (Alex Kraus/Bloomberg)

“Eu esperava que as ações fossem negociadas na casa alta de 80 euros ou na parte baixa de 90 euros devido ao excesso de subscrição de investidores e ao interesse do varejo, disse James Congdon, que dirige a unidade de pesquisa Quest da Canaccord Genuity.

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A piora dos indicadores econômicos nos últimos dias e os alertas sobre o impacto nos lucros corporativos podem estar mudando a avaliação dos investidores sobre a Porsche e sua capacidade de atingir suas metas de crescimento no médio prazo, disse ele.

Após o início das negociações, as ações preferenciais da VW, por outro lado, caíram 6,2%, enquanto a Porsche Automobil Holding, empresa de investimentos da família Porsche-Piech, caiu 9,2%.

Empresas levantaram menos de US$ 10 bilhões em IPOs neste ano até agosto, uma queda de 83% em receitas em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. Isso dá a dimensão do feito alcançado pela Porsche, que sozinha levantou valor semelhante.

A listagem da Porsche é considerada a maior da Europa desde que a mineradora Glencore levantou quase US$ 10 bilhões em um IPO em Londres em 2011, mostraram os dados da Bloomberg.

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