UBS diz que bolsa ‘despertou’ e dá 4 motivos para seguir descolada de emergentes

Para estrategistas do banco, bolsa brasileira deve se beneficiar de preços de commodities elevados, bem como de valuations ‘muito atraentes’

Banco espera que o índice MSCI Brasil supere entre 10% e 15% o índice MSCI Emerging Markets nos próximos 12 a 18 meses
27 de Setembro, 2022 | 04:26 AM

Bloomberg Línea — Depois de anos de performance abaixo da média do mercado, as ações brasileiras têm tudo para se destacar este ano. Ao menos essa é a avaliação do UBS Group, que vê a bolsa brasileira ganhando espaço entre os mercados emergentes nos próximos 12 a 18 meses.

Em relatório intitulado “Ações brasileiras: boas coisas vêm àqueles que esperam” e divulgado na segunda-feira (26), o banco suíço escreve que a bolsa brasileira “despertou” e que deve se beneficiar de preços de commodities mais altos, bem como de valuations “muito atraentes que não refletem adequadamente as condições macroeconômicas predominantes e esperadas”.

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A exposição relativamente baixa a uma liquidez global mais apertada, bem como rendimentos de dividendos elevados também estão entre as justificativas.

Do lado dos riscos, o UBS cita a intensificação dos temores de uma recessão global, pressões inflacionárias mais persistentes, menor crescimento dos lucros das empresas em 2023, além de erros na política interna, principalmente em torno da abordagem do país à sustentabilidade fiscal.

Confira, a seguir, as justificativas listadas pelo UBS para as ações brasileiras se destacarem frente a outros emergentes:

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1. Valuations nas mínimas históricas

Para os estrategistas do UBS, o mercado acionário brasileiro está sendo negociado com descontos consideráveis, que ainda não consideram as condições macroeconômicas existentes e esperadas. Sob a ótica de relação entre preço e lucro (P/E) para os próximos 12 meses, as ações brasileiras estão sendo negociadas com um desconto acima da média histórica, de 43% em relação ao índice MSCI de emergentes, escreve o banco.

O UBS espera que o índice MSCI Brasil supere entre 10% e 15% o índice MSCI Emerging Markets nos próximos 12 a 18 meses. No acumulado do ano, o MSCI Brasil sobe mais de 4%, ante uma queda de 28% para o índice de referência emergente. Ainda assim, o índice negocia a 6,1 vezes o lucro estimado, bem abaixo da média histórica de 10 anos de 11,2 vezes, segundo dados compilados pela Bloomberg News.

Ações brasileiras têm apresentado desempenho superior em relação aos emergentes no acumulado do ano

2. Grande exposição ao setor de commodities e financeiro

No relatório, os estrategistas dizem esperar que os preços das commodities permaneçam elevados em um contexto em que a oferta de muitas matérias-primas terá dificuldade para acompanhar a demanda, após anos de subinvestimento.

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O banco cita que mais de 38% das ações brasileiras por valor de mercado estão em setores relacionados às commodities. Além disso, escreve o relatório, as taxas de juros já altas no país devem beneficiar as ações do setor financeiro, o de maior peso no índice MSCI Brasil, e apoiar o real.

3. Política monetária

O Banco Central brasileiro começou a subir as taxas de juros bem antes do Federal Reserve, dos Estados Unidos, e está se aproximando do fim de seu ciclo de aperto da política monetária. “Acreditamos que este é um catalisador positivo para as ações brasileiras, pois abre caminho para o início de um ciclo de flexibilização já no primeiro semestre de 2023″, escreve o grupo.

4. Potencial de crescimento

O UBS também argumenta que os preços mais altos das commodities apontam para um crescimento acima do esperado. Os números fiscais também estão vindo melhor do que o esperado, já que as receitas fiscais do governo estão aumentando a uma taxa de dois dígitos devido à inflação mais alta e royalties de commodities.

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Segundo o UBS, os investidores “amplamente precificaram” uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro, com o primeiro turno marcado para este domingo (2). O time espera que quaisquer riscos fiscais decorrentes da eleição sejam administráveis graças ao “papel de equilíbrio” do Congresso, independentemente do vencedor.

“Acreditamos que o risco de uma crise institucional desencadeada pelas eleições é muito baixo, dada a qualidade do sistema eleitoral brasileiro”, escreve o banco.

-- Com informações da Bloomberg News

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.