Investidores buscam pechinchas e mercados sobem, apesar de medo de recessão

Alertas pessimistas de dirigentes do Fed e de grandes bancos de investimento reforçam uma cautela subjacente, que poderia voltar a aflorar com novos indicadores previstos para esta semana

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
Por Michelly Teixeira - Bianca Ribeiro
27 de Setembro, 2022 | 07:05 AM

Barcelona, Espanha — O quadro continua desafiador para os investimentos, mas os ativos passam por um ligeiro alívio nesta manhã. A busca por oportunidades de compra pavimenta o caminho dos mercados. De todo modo, o pano de fundo dramático se sustenta, com previsões de mais alta de juros e uma possível recessão econômica.

Na manhã de hoje, os futuros de índices norte-americanos avançavam. Ontem, o índice de referência S&P 500 caiu pela quinta vez sucessiva: desde 13 de setembro, tinha subido apenas um dia. Na Europa, o Stoxx 500 também operava no azul, embora o movimento não seja generalizado.

Mas o mercado, ainda que esteja aproveitando as ações a baixo preço, segue reticente. Hoje, os investidores ficarão atentos aos discursos dos dirigentes máximos do Fed, Jerome Powell, e do BCE, Christine Lagarde. A expectativa é de que reafirmem o compromisso de baixa a inflação. Os diretores do Fed, por exemplo, insistem que a política monetária dos EUA precisa ser dura. Ontem, Loretta Mester (Fed de Cleveland) e Susan Collins (Fed Boston) afirmaram que será preciso esforço adicional do banco central norte-americano para trazer a inflação para a meta.

A desconfiança também vem dos sinais de bancos de investimento como Goldman Sachs, BlackRock e Citigroup, que estão mais pessimistas com respeito ao mercado acionário no curto prazo. Para eles, os ativos ainda não refletem o risco real de desaceleração econômica e o efeito recessivo sobre empresas e ações. Na visão do Goldman Sachs, a probabilidade de recessão subiu acima de 40% e o banco rebaixou o peso das ações em sua carteira de investimento para os próximos três meses. A BlackRock não vê uma aterrissagem suave da economia, com a inflação baixando antes de estrangular a economia, e recomenda “evitar a maioria das ações”.

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No mercado de dívida, os títulos do Tesouro com 10 anos de prazo registravam uma ligeira recuperação de seu valor nominal, pedindo prêmios de 3,83%, apesar de estarem ainda próximos do nível mais elevado desde 2010.

O prêmio dos bônus dos títulos soberanos do Japão com vencimento em 20 anos subiu para o maior nível em sete anos. Nos títulos de 10 anos a alta tocou o limite de rendimento tolerado pelo BoJ (0,25%). Esse movimento ganhou força após o Banco do Japão anunciar a compra programada de títulos em valor equivalente a mais de US$ 1 bilhão. A pressão sobre esses ativos vem aumentando com as expectativas de mais aperto monetário.

Depois de tocar o nível mais baixo em dois anos, as cotações do ouro se recuperavam enquanto o dólar recuava. Essa correlação entre a moeda e o metal está mais aguda no momento, pois o risco de recessão tem levado a cotação da divisa norte-americana a bater recordes.

Sobre a libra, que ontem atingiu o patamar inédito de US$ 1,0350, tenta se recuperar na sessão de hoje (US$ 1,0800). Esse estresse cambial, que reforçou as apostas de paridade com o dólar, foi desencadeado após o anúncio do pacote de corte de impostos no Reino Unido, em um momento em que o Bank of England (BoE) tem subido juros para conter uma inflação persistente.

Outro destaque desta manhã é a recuperação do bitcoin, que avança de mais de 5% e recupera o patamar dos US$ 20 mil nesse intervalo de calma no mercado.

Os mercados esta manhã
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-1,11%), S&P 500 (-1,03%), Nasdaq Composite (-0,60%), Stoxx 600 (-0,42%), Ibovespa (-2,33%)

A retração gerada pela possibilidade de uma recessão continua afetando o humor dos investidores. Os bancos centrais, incluindo o Fed, deixaram claro que continuarão com o tom agressivo em sua política monetária. O início desta semana não mudou muito em relação a como terminou a semana passada, com perdas generalizadas nas bolsas e commodities e dólar em forte alta.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Pedidos de Bens Duráveis/Ago, Vendas de Casas Novas/Ago, Confiança do Consumidor/Set, Índice de Manufatura/Set, Estoques de Petróleo Bruto

Europa: Zona do Euro (Massa Monetária/Ago); Reino Unido (Índice de Preços no Varejo); França (Candidatos a Emprego)

América Latina: Brasil (Ata do Copom, IPCA-15/Set); Argentina (Vendas no Varejo); México (Balança Comercial/Ago, Taxa de Desemprego/Ago)

Bancos centrais: Discursos de Jerome Powell (Fed), Charles Evans (Fed), Christine Lagarde (BCE), Luis de Guindos (BCE) e Huw Pill (BoE). Atas de política monetária do Bank of Japan (BoJ) e do Banco Central do Brasil

📌 Para a semana:

Quarta: Mary Daly (Fed de São Francisco), Rafael Bostic (Fed Atlanta), Charles Evans (Fed Chicago) e Christine Lagarde (presidente do BCE) falam em eventos

Quinta: EUA (PIB, Pedidos de Seguro-Desemprego, Loretta Mester e Mary Daly, do Fed, falam em eventos separados); Zona do Euro (Confiança Econômica, Confiança do Consumidor); Alemanha (IPC)

Sexta: EUA (Renda do Consumidor, Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan, Discursos de Lael Brainard (vice-presidente do Fed) e de John Williams (Fed de NY); Reino Unido (PIB); China (PMI); Zona do Euro (IPC, Taxa de Desemprego)

Michelly Teixeira

Periodista con más de 20 años como editora y reportera. En sus 13 años de España, trabajó en Radio Nacional de España/RNE y colaboró con una agencia de noticias internacional. En Brasil, pasó por las redacciones de Valor, Agencia Estado y Gazeta Mercantil. Tiene MBA en Finanzas, postgrado en Marketing y el Master en 'Digital Business' de ESADE.

Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Periodista especializada en economía y finanzas ha trabajado en algunas de las principales publicaciones de Brasil, como Valor, Agencia Estado y Folha de S.Paulo.