Goldman e BlackRock reduzem aposta em ações de olho em recessão

Outros bancos como Morgan Stanley e JPMorgan também ecoaram receios depois que bancos centrais dos EUA à Europa deixaram claro a determinação de combater a inflação

“Não vemos um ‘pouso suave’” em que a inflação retorne à meta rapidamente sem esmagar a atividade, escreveram em nota estrategistas do BlackRock Investment Institute
Por Abhishek Vishnoi
27 de Setembro, 2022 | 12:03 PM

Bloomberg — Goldman Sachs (GS) e BlackRock (BLK) estão mais pessimistas em relação ao desempenho dos índices acionários no curto prazo e alertam que os mercados ainda não precificaram o risco de uma recessão global.

Ao sinalizar o aumento dos rendimentos reais como um grande problema, estrategistas do Goldman reduziram a exposição a ações para “underweight” na alocação global do banco de investimento americano nos próximos três meses, ao mesmo tempo que mantiveram um posicionamento “overweight” em dinheiro. A BlackRock aconselha investidores a “evitar a maioria das ações”, acrescentando que está taticamente underweight em papéis do mercado desenvolvido e que prefere crédito no curto prazo.

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“Os níveis atuais dos ‘valuations’ das ações podem não refletir totalmente os riscos relacionados e terem que cair ainda mais para atingir um piso de mercado”, escreveram estrategistas do Goldman, como Christian Mueller-Glissmann, em nota na segunda-feira. A probabilidade de recessão implícita de mercado do Goldman subiu para mais de 40% após a recente onda vendedora de títulos, “o que historicamente tem indicado um risco elevado de queda das ações”, escreveram.

Preocupações semelhantes são ecoadas pelo Morgan Stanley e JPMorgan Asset Management depois que bancos centrais dos EUA à Europa deixaram claro sua determinação de combater a inflação, o que empurrou as bolsas globais para uma queda livre nos últimos dias. Parece haver pouco alívio no horizonte, mesmo com as perdas de componentes do índice MSCI World, que ultrapassaram US$ 8 trilhões desde o pico em meados de setembro, na esteira da alta dos rendimentos dos títulos do EUA e do dólar.

“Não vemos um ‘pouso suave’” em que a inflação retorne à meta rapidamente sem esmagar a atividade, escreveram em nota estrategistas do BlackRock Investment Institute, que incluem Jean Boivin e Wei Li. “Isso se traduz em mais volatilidade e pressão sobre os ativos de risco”, destacaram em relatório na segunda-feira.

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Com a crescente volatilidade no mercado acionário, a JPMorgan Asset também mantém a posição underweight em renda variável para o quarto trimestre. A gestora “fortemente” recomenda crédito com grau de investimento em detrimento do alto rendimento, escreveu Sylvia Sheng, estrategista global de multiativos, na terça-feira, antecipando um crescimento lento nos EUA e recessão na Europa nos próximos 12 meses.

Um modelo de probabilidade de recessão global da Ned Davis Research ultrapassou a marca de 98%, o que envia um “grave” sinal de recessão. As únicas outras vezes em que o modelo esteve nesse patamar foi no período anterior às grandes crises de 2020 e 2008-2009, segundo a empresa.

Os dias do mantra TINA – sigla de “There Is No Alternative” (não há alternativa) – para as ações acabaram, escreveram estrategistas do Goldman. Embora rendimentos em queda tenham aumentado o apelo da renda variável desde a crise financeira global, “investidores agora estão enfrentando o TARA (“There Are Reasonable Alternatives”, ou há alternativas razoáveis), já que os títulos parecem mais atraentes”, escreveram.

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“O quanto os ‘yields’ subiram, especialmente os rendimentos reais neste momento, foi muito difícil de ver; é isso o que nos deixa tão desconfortáveis”, disse Mueller-Glissmann na terça-feira em entrevista à Bloomberg TV.

O pessimismo do Goldman segue a redução da meta de fim de ano para o índice S&P 500 por estrategistas do banco, de 4.300 para 3.600 na semana passada. Da mesma forma, estrategistas da Europa como Sharon Bell cortaram as metas para indicadores regionais de ações, tendo rebaixado a previsão de crescimento de lucro por ação em 2023 para o Índice Stoxx Europe 600 de zero para -10%.

Tanto o S&P 500 quanto o Stoxx Europe 600 encerraram a sessão de segunda-feira nos níveis mais baixos desde dezembro de 2020.

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“Este ‘bear market’ ainda não atingiu um piso”, disse Bell e equipe em outra nota sobre os mercados acionários europeus na segunda-feira.

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