Briga do Fed contra inflação está longe do fim e há pouca margem para erro

Banco suíço Lombard Odier diz ver os juros chegando a 4,5% nos EUA e permanecendo neste patamar durante a maior parte de 2023

Cenário de menor crescimento e alta inflação tem levado o banco suíço a reduzir o risco em suas carteiras
27 de Setembro, 2022 | 03:02 PM

Bloomberg Línea — O movimento de aperto monetário para conter a inflação persistentemente alta ainda está longe de acabar e há pouca margem para erro na política monetária do Federal Reserve. Essa é a avaliação de Stéphane Monier, chefe de investimentos (CIO) do banco suíço Lombard Odier.

Em relatório divulgado com exclusividade à Bloomberg Línea, o executivo destaca que, embora a tendência seja de uma queda nos preços no longo prazo, os dados ainda elevados sugerem que os próximos meses provavelmente trarão mais surpresas, provocando mais volatilidade no mercado.

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Ele cita como exemplo os dados decepcionantes de agosto, que vieram depois de números melhores do que o esperado para julho, destacando que a “inflação alta raramente cai de forma suave e previsível”.

Para Monier, o risco é que o Fed seja forçado a continuar elevando as taxas de juros, levando a economia para uma recessão enquanto busca restaurar o equilíbrio entre a oferta e a demanda, bem como, deixar os preços dos aluguéis e os salários sob controle.

Na semana passada, o Federal Reserve elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual, o terceiro aumento consecutivo de mesma magnitude. Em coletiva de imprensa após a decisão, o presidente Jerome Powell disse que está “fortemente decidido a reduzir a inflação” e que, para isso, “serão necessários uma flexibilização do mercado de trabalho e um crescimento econômico abaixo da atual tendência”.

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Agora, o Lombard Odier espera um aumento adicional de 0,75 ponto na reunião de novembro, um aumento de 0,50 p.p. em dezembro e, possivelmente, outro da mesma magnitude em janeiro. “Dados históricos advertem fortemente contra o afrouxamento prematuro da política.”

A expectativa é de que as taxas atinjam um pico em torno de 4,50% e permaneçam neste patamar durante a maior parte de 2023.

“Embora acreditemos que isso desencadeará uma recessão, taxas acima de 5% provavelmente causariam uma contração ainda mais severa, com quedas mais acentuadas para ativos de risco. A margem de erro é muito limitada”, escreve Monier.

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“Pouca margem para erro”

De acordo com o banco suíço, trazer a inflação para baixo nos EUA será um trabalho difícil. Se a inflação permanecer mais persistente e o Fed aumentar as taxas para mais de 5%, a desaceleração pode ser muito mais dolorosa – para empregos, renda familiar, empresas e ativos de risco –, levando a novos aumentos na inadimplência das empresas e quedas nos preços de commodities e títulos.

O cenário também implicaria novos mergulhos para as ações, caindo para novos mínimos significativos, segundo Monier. Neste contexto, o banco está reduzindo o risco em suas carteiras.

“Estamos vendendo nossas posições overweight [acima da média do mercado] em imóveis europeus e commodities, reduzindo bonds e aumentando nossa alocação em dívida chinesa, com hedge [proteção em dólar].”

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.