Petróleo segue em queda com receios pela recessão fortalecendo o dólar

Alta da moeda americana torna compra de commodities como o petróleo mais caras para compradores estrangeiros, prejudicando a demanda

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Bloomberg — Os preços do petróleo recuavam, com o Brent caindo abaixo de US$ 85 o barril, com a alta do dólar e as crescentes preocupações sobre uma possível recessão ameaçando a demanda global.

O índice de referência global do petróleo atingiu o menor nível intradiário desde janeiro, à medida que a moeda americana atinge uma alta histórica, segundo um indicador da Bloomberg que mede o desempenho ante pares. A maioria dos outros mercados de commodities, de cobre a trigo, também caíam nesta segunda-feira (26), com os ativos de risco iniciando a semana em clima morno. O petróleo caiu quase 6% na semana passada para uma quarta queda semanal consecutiva, a mais longa perda deste ano.

O petróleo está a caminho de uma queda trimestral substancial, acompanhando as decisões dos principais bancos centrais do mundo, incluindo o Federal Reserve, de aumentar as taxas de juros agressivamente para combater a inflação, prejudicando as perspectivas de demanda de energia e minando o apetite dos investidores por risco. O aperto do Fed ajudou a levar o dólar americano a um recorde, tornando as commodities precificadas na moeda mais caras para os compradores estrangeiros.

“O mercado está muito preocupado que os bancos centrais levem as economias à recessão”, disse Bjarne Schieldrop, analista-chefe de commodities da SEB. Isso aumenta o foco na próxima reunião da Opep+ em 5 de outubro, acrescentou.

Preços do petróleo

  • O Brent para liquidação de novembro era negociado em queda de 0,7%, a US$ 85,53 por barril
  • O WTI para entrega em novembro recuava 0,6%, a US$ 78,26 o barril na Bolsa Mercantil de Nova York.
  • O Bloomberg Dollar Spot Index atingiu um pico de 1,1% e acumula alta de 15% no ano

A queda nos preços pode induzir a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados a considerar intervir para conter a queda, seja verbalmente ou anunciando uma redução na produção. No início deste mês, a Opep+ anunciou um corte na oferta e disse que os membros monitorariam o mercado.

A pressão de alta sobre o dólar “é uma bola de demolição para commodities”, disse Gary Ross, presidente-executivo da Black Gold Investors, em uma conferência em Singapura, sinalizando a possibilidade de cortes da Opep. “O equilíbrio entre oferta e demanda se recuperou e, como estamos entrando no quarto trimestre, estamos enchendo os estoques.”

Traders de petróleo também observam a tempestade tropical Ian, que deve se tornar um furacão esta semana à medida que se aproxima da Flórida. No momento, os meteorologistas tentam identificar em que ponto tocará o continente, possivelmente próximo à Baía de Tampa.

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