Bloomberg Línea — O peso da América Latina na economia mundial diminuiu drasticamente na última década, ao mesmo tempo em que a Ásia, e especificamente a China, ganhou terreno. Uma das principais causas desta perda de relevância regional tem a ver com uma forte retração no Brasil.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) indica que as economias da América Latina e do Caribe como um todo representam entre 5,26% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, de acordo com o último relatório publicado pela entidade em abril de 2022. Há uma década, o PIB combinado da região representava 7,95% do PIB mundial. Em outras palavras, a importância da América Latina e do Caribe na economia mundial caiu 33,85% em apenas dez anos.
Segundo o FMI, o Brasil reduziu seu PIB nominal de US$ 2,46 trilhões em 2012 para US$ 1,83 trilhão em 2022. Desta forma, sua participação em todos os bens e serviços produzidos no mundo caiu de 3,27% para 1,76% – uma queda de 46%.
Enquanto isso, o México (a segunda maior economia da região) responde por 1,16% da produção mundial de bens e serviços. O peso específico da economia mexicana na economia mundial caiu 34,25% no período.
E enquanto o Brasil, o México e a América Latina em geral viram sua relevância na economia mundial cair, a China avançou. O gigante asiático contribui agora com 19,17% do PIB mundial, em comparação com 11,37% até 2012. Em outras palavras, o país representa agora 68,6% a mais do que há uma década.
A Bloomberg Línea realizou uma pesquisa sobre o PIB de cada país da região hoje e seu peso na economia mundial, levando em conta os dados publicados pelo FMI em abril deste ano.
PIB por país
Como mencionado, as maiores economias da América Latina são o Brasil (PIB de US$ 1,83 trilhão) e o México (US$ 1,32 trilhão). Em terceiro lugar está a Argentina, cujo PIB em abril de 2022, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, era de US$ 564,2 bilhões. O país responde atualmente por 0,54% do PIB mundial.
Como no Brasil, a produção da Argentina é nominalmente inferior à de 10 anos atrás (quase US$ 580 bilhões em 2012). Em ambos os casos, a situação torna-se ainda mais dramática se considerarmos o crescimento populacional desses anos e que a inflação em dólares significa que, mesmo se a economia fosse nominalmente a mesma, haveria uma deterioração real.
A quarta maior economia da região é a Colômbia, que contribui com quase US$ 351,2 bilhões (0,34% do PIB mundial). O PIB nominal da Colômbia em termos de dólar também é menor do que há 10 anos (quase US$ 371 bilhões).
A quinta principal economia da América Latina é o Chile, cujo PIB em 2022 é de US$317.594 milhões (0,31% do PIB mundial). Embora, ao contrário do que aconteceu nos países acima mencionados, o PIB do Chile teve um aumento nominal de 18% na década (US$ 269,3 bilhões em 2012), o país não conseguiu compensar a inflação do dólar nestes anos.
Estas são as posições ocupadas pelo resto dos países da região:
- Peru: US$ 240,3 bilhões
- Equador: US$ 115,4 bilhões
- República Dominicana: US$ 109 bilhões
- Guatemala: US$ 91 bilhões
- Panamá: US$ 70,4 bilhões
- Costa Rica: US$ 65,3 bilhões
- Uruguai: US$ 64,2 bilhões
- Venezuela: US$ 49 bilhões
- Paraguai: US$ 41,9 bilhões
- Bolívia: US$ 41 bilhões
- El Salvador: US$ 30,7 bilhões
- Honduras: US$ 30 bilhões
- Nicarágua: US$ 15,7 bilhões
- Cuba: não há dados disponíveis
Além disso, os países da América Central e do Caribe que não falam português nem espanhol acrescentam cerca de US$ 108,7 bilhões ao PIB da região como um todo. Entre eles, a maior economia é Trinidad e Tobago (US$ 25,3 bilhões).
Se Porto Rico for acrescentado como parte da região (o FMI exclui o país), o território dos EUA acrescentaria mais US$ 116,7 bilhões.
Na contramão do mundo
Segundo dados divulgados pelo FMI, o PIB mundial atingiu US$ 103,87 trilhões, o que significa que se expandiu 38,27% na última década. Isto deixa claro que, enquanto a América Latina como um todo passa por uma contração, o resto do mundo cresceu.
Os maiores contribuintes para a economia mundial são os Estados Unidos (US$ 25,3 trilhões (24,4%) e a China (US$ 19,9 trilhões). O Japão e a Alemanha atualmente ocupam o terceiro e quatro lugares, mas até 2030 espera-se que a Índia ascenda à terceira posição.
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