Brasília em off: a resistência a Meirelles na campanha de Lula

Ex-ministro da Fazenda é apontado como o pai da regra do teto de gastos, alvo de revisão em 2023 seja qual for o vencedor nas eleições

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Bloomberg — Se o apoio do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva acalmou investidores preocupados com a condução da economia em caso de vitória do petista, o cenário já não foi assim tão positivo dentro do partido.

Aliados do ex-presidente fizeram questão de lembrar que Meirelles serviu ao governo de Michel Temer e é o pai da regra do teto de gastos que necessariamente terá que ser revista em 2023. Nada disso, contudo, é empecilho para que o ex-ministro venha a ocupar algum papel dentro de um eventual governo Lula.

Ponte com mercado

Para integrantes da campanha, o ex-presidente sabe que precisará ter tranquilidade na economia para governar e precisa de quadros que ajudem a fazer a ponte com o mercado financeiro.

Eles afirmam que a pecha de golpista pode ter colado em Temer, mas não em Meirelles. E que é possível ajustar o discurso político de que é preciso fazer ajustes no teto de gastos diante da necessidade de medidas como reforçar programas sociais, corrigir o salário mínimo e aumentar investimentos públicos.

Timing

Meirelles foi um dos nomes que o ex-presidente quis incluir na bolsa de apostas para o Ministério da Fazenda antes de definir quem vai comandar a pasta mais importante da esplanada. O vice em sua chapa, Geraldo Alckmin, e políticos ligados ao ex-presidente, como Alexandre Padilha, seguem no páreo.

O nome do ministro só virá depois das eleições, mas como já disse o próprio Lula, o comandante da Fazenda de seu governo é ele mesmo.

Menino brilhante

Em conversas com o setor produtivo, Alckmin tem se referido ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como um “menino brilhante” -- uma sinalização de que Lula vai respeitar a autonomia do BC. O candidato quer fazer um aceno a um nome caro aos investidores.

O vice tem dito ainda que, se eleito, Lula pretende que a reforma tributária seja votada nos primeiros seis meses de governo. Alckmin tem feito comparações de números de PIB, inflação e sobre aumento real do salário mínimo agora e nos governos Lula.

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